Geografia, perguntado por jujufuxa, 10 meses atrás

O que seria a Internacionalização da Amazônia ?

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Respondido por XxSADBOYxX
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Discussões relativas ao estudo e à exploração da Amazônia em conjunto com potências estrangeiras contribuíram para o surgimento do tema "internacionalização da Amazônia". Em uma evolução histórica, destacam-se o projeto para transferência de escravos norte-americanos alforriados para a região; o Bolivian Syndicate; Instituto Internacional da Hileia Amazônica; e o Projeto Grandes Lagos do Hudson Institute.

A afirmação e a evolução do movimento ambientalista nos anos 1960 e 1970 levaram a questionamentos a respeito da capacidade dos países amazônicos garantirem a preservação da região. Isso levou a uma reação por parte dos governos locais, formalmente representada pelo Tratado de Cooperação Amazônica (TCA - 1978), cujos princípios fundamentais são a soberania, a equidade, o desenvolvimento harmônico e a cooperação.

As atividades de muitas ONGs ambientalistas estrangeiras na região amazônica causaram questionamentos sobre a soberania do governo brasileiro sobre a floresta. Entretanto, essa visão pessimista relativa às ONGs estrangeiras, contém exageros. Rubens Ricupero, diplomata brasileiro com atuação relevante na negociação do Tratado de Cooperação Amazônica, chegou a se posicionar de maneira incisiva contra a culpa exacerbada atribuída às entidades não governamentais por problemas de má condução de políticas públicas a respeito da Amazônia no Brasil: "não conheço ONG estrangeira que tenha posto fogo em um metro quadrado ou se apoderado, com documentos falsos, de um metro quadrado de terras da União, feito pecuária, matado índios, invadido reservas para extrair mogno ou ouro.

Levando em consideração as diferentes óticas de análise sobre uma possível internacionalização da Amazônia, P. H. Faria Nunes identifica três percepções sobre o assunto: geopolítica, ambientalista e técnico-científica-informacional. "A percepção geopolítica é a mais antiga e remonta ao século XIX. O despertar da cobiça estrangeira pela Floresta Tropical ocorre em virtude de duas constatações principais: em primeiro lugar, pela possibilidade da região abrigar excedentes populacionais de outras partes do mundo e se tornar uma zona produtora de alimentos; em segundo, por ser uma extensa porção territorial com grandes reservas de recursos estratégicos (v.g., água, petróleo, gás, ferro, manganês, bauxita, urânio, biodiversidade). Nessa linha interpretativa, faz-se presente o receio da capitulação da região pela via militar e pela pressão direta e aberta de grandes potências. [...] Para a percepção ambientalista, as tentativas de internacionalização e/ou ocupação centram seus argumentos em problemas ecológicos e humanitários, tais como sua importância para o equilíbrio do sistema meteorológico global (pluviometria, equilíbrio térmico) e a inaptidão dos Estados amazônicos empreenderem políticas socioambientais eficientes" (NUNES, Paulo Henrique Faria. A institucionalização da Pan-Amazônia. Curitiba: Prismas, 2018, p. 280).

"A percepção técnico-científico-informacional está mais voltada para investidas indiretas. A necessidade de investimentos pode ter por consequência a flexibilização das normas sobre propriedade intelectual (patentes), acesso aos recursos naturais, aquisição de terras e abertura de setores estratégicos a companhias estrangeiras (telecomunicação, energia, água). Portanto, a conquista pode ser feita de dentro para fora, de modo que os conflitos interestatais diretos se tornem dispensáveis; a colonização formal – relação metrópole-colônia – não é um mecanismo tão interessante como fora outrora pois implica compromissos sociais para o conquistador que, por sua vez, não tem interesse em gastos dessa natureza. Dentre as possíveis táticas a serem contra-atacadas pelos Estados amazônicos listam-se: a associação desmedida do capital externo ao capital nacional; o financiamento de campanhas eleitorais de representantes (porta-vozes) dos interesses de investidores/colonizadores; o subsídio a centros de pesquisa científica; o aliciamento de pesquisadores e detentores de conhecimento tradicional (caboclos, mateiros, sertanistas, índios)" (NUNES, Paulo Henrique Faria. A institucionalização da Pan-Amazônia. Curitiba: Prismas, 2018, p. 283-284).

Em 2001, apareceu na internet uma montagem de uma página de um livro escolar fictício "sobre um plano para transformar a Amazônia em uma reserva internacional". Apesar das evidências de fraude, a imagem se disseminou a tal ponto que chegou a ser reproduzido em um clipping distribuído pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, "o que obrigou a Embaixada do Brasil nos EUA a apontar a fraude. Apesar disso, o spam circula até hoje.

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