O que provocou o colapso económico da URSS
durante a Guerra Fria?
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Resposta:
Quem viu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) se dissolver, em dezembro de 1991, possivelmente não acompanhou com atenção o processo de desestruturação do bloco de países socialistas. O fim da experiência iniciada 74 anos antes foi o ponto final de uma série de decisões e ações políticas e econômicas internacionais, e, principalmente, das próprias nações integrantes do superestado soviético.
Com a morte de Josef Stálin, em 1953, Nikita Khrushchev assumiu o comando da URSS. Foi sob a liderança dele que a tensão acerca de uma guerra nuclear com os norte-americanos chegou ao ápice. A Guerra Fria - sistema de equilíbrio político-militar no qual as duas potências se provocavam, mas evitavam lançar o primeiro míssil - moldou a segunda metade do século XX.
Khrushchev comandava a URSS na assinatura do Pacto de Varsóvia (aliança militar entre os países socialistas do Leste), em 1955, e era ele quem dava as cartas quando da Crise dos Mísseis (durante 13 dias, em outubro de 1962, um impasse entre EUA e URSS envolvendo a instalação de mísseis nucleares soviéticos em Cuba quase levou o mundo a um conflito atômico).
O governo de Khrushchev marcou uma mudança na política econômica, diminuindo as perseguições políticas e estimulando o consumo. Stálin prometeu a universalização dos serviços, e isso aconteceu, com as desigualdades tendo sido reduzidas. Khrushchev quis, então, dar o passo seguinte. Ao aumentar a produção de bens de consumo e diminuir o investimento nos bens de capital, o governo satisfez o desejo da população, mas, posteriormente, outro descontentamento surgiu. "Se você começa a encher de eletrodomésticos, mas não investe o suficiente em energia, mais adiante haverá um problema", diz o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) Paulo Visentini.
O modo impulsivo de gerir acabou por derrubar Khrushchev em 1964. No lugar dele, assumiu Leonid Brejnev, que estabilizou o regime. Com ele, a URSS chegou ao apogeu econômico, com as condições de vida melhorando significativamente na década de 1970. A estabilização, porém, gerou uma burocracia acomodada.
Foi na década de 1970, contudo, que a superestrutura começou a colapsar. O aumento do preço do petróleo permitiu que a URSS acumulasse capital. Com o dinheiro obtido, patentes tecnológicas foram compradas. A tecnologia importada, no entanto, traz consigo um problema: exige constante atualização. Quando os soviéticos adotaram essa política, o preço do petróleo estava em alta. O bloco não se deu conta, porém, de que ficou dependente do mercado internacional. Nos anos 1980, o preço do petróleo caiu, e ocorreu um estrangulamento econômico.
Paralelamente, os EUA de Ronald Reagan desencadearam uma corrida armamentista que a URSS não tinha recursos para competir. Assim, a sociedade começou a se desencantar. Quando Mikhail Gorbachev assumiu o governo, em 1985, havia esperança de uma renovação. O que ocorreu, no entanto, foi uma desagregação com a consequente cisão no Partido Comunista: de um lado, Gorbachev, o líder da URSS, e, de outro, Boris Yeltsin, o presidente da Rússia.
Enquanto o primeiro queria realizar algumas reformas, o segundo desejava acabar com tudo o que estava estabelecido. "A URSS se dissolve não porque as repúblicas saíram do bloco, mas porque a Rússia saiu", diz Visentini. A força para mudança existia dentro da Rússia, mas não da União Soviética. A maioria das repúblicas ficou independente contra a vontade.
Em 1991, Yeltsin decide que toda a arrecadação das empresas em território russo pertenceria ao governo da Rússia. Sem contar com uma fonte de financiamento, o bloco não se sustentou. "A força que sabotou o edifício foi a Rússia de Yeltsin", conclui Visentini.