O que o governo europeu tem feito pelo meio ambiente?
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Presidente do Conselho Europeu diz ser difícil imaginar pacto enquanto a Amazônia queima. França e Irlanda também se opõem, enquanto Alemanha e Reino Unido defendem acordo. Mas preocupação com a floresta é consenso.
Os incêndios que devoram a Floresta Amazônica provocaram comoção e declarações de preocupação por parte de líderes europeus. Chefes de Estado e governo, contudo, estão divididos sobre até que ponto a crise deve influenciar o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
A questão amazônica será um dos temas centrais da cúpula do G7, que teve início neste sábado (24/08) na cidade de Biarritz, na costa sudoeste da França. Até o fim da cimeira, na segunda-feira, o anfitrião Emmanuel Macron, presidente francês, deverá tentar arrancar resultados concretos em relação à Amazônia dos colegas presentes, muitos deles líderes europeus.
Neste sábado, Macron lançou um apelo a todas as potências mundiais para que ajudem o Brasil e outros países da América do Sul a combater os incêndios na Floresta Amazônica, que chamou de "nosso bem comum". "Devemos responder de maneira concreta ao apelo das florestas que queimam agora na Amazônia", disse o francês em discurso transmitido na televisão.
Antes da cúpula, o governo de Macron deixou claro que se opõe à ratificação do acordo de livre-comércio com o bloco sul-americano, afirmando que Jair Bolsonaro mentiu ao assumir compromissos em defesa do meio ambiente, dados como condição para o pacto.
"Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República [francesa] só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula [do G20] em Osaka. Nessas circunstâncias, a França se opõe ao acordo com o Mercosul", diz uma nota do governo francês, emitida na sexta-feira.
O acordo UE-Mercosul foi fechado em junho, à época da cúpula do G20 no Japão, após 20 anos de negociações. Macron afirmara na ocasião que o fechamento só foi bem-sucedido porque Bolsonaro deu garantias de preservação do meio ambiente brasileiro. Os parlamentos de todos os países-membros do bloco europeu ainda precisam ratificar o pacto.
Na linha de Macron, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou neste sábado que considera difícil imaginar que a União Europeia ratifique o acordo com o Mercosul enquanto o Brasil não detém os incêndios florestais na Amazônia.
"A Floresta Amazônica em chamas tornou-se outro sinal deprimente dos nossos tempos. É claro que apoiamos o acordo UE-Mercosul, que também se trata de proteger o clima e o meio ambiente, mas é difícil imaginar um processo harmonioso de ratificação pelos países europeus enquanto o governo brasileiro permitir a destruição dos pulmões verdes do Planeta Terra", disse Tusk em nota.
Também em Biarritz para a cúpula do G7, o presidente do Conselho Europeu acrescentou que a UE está "pronta para oferecer ajuda financeira para combater os incêndios".
O governo da Irlanda, país-membro do bloco europeu, mas não do G7, foi outro a afirmar que não deve ratificar o acordo devido à falta de comprometimento dos brasileiros em "honrar seus compromissos ambientais".
A posição, contudo, não é a mesma de outras nações europeias, como Alemanha e Reino Unido, que compõem o Grupo dos Sete ao lado de Canadá, Estados Unidos, França, Itália e Japão.