o que motivou a vinda de escravos africanos para o Brasil?
Soluções para a tarefa
Recentemente um caso de racismo com uma jornalista da TV Globo nos mostrou o quanto as pessoas ainda são preconceituosas, principalmente quando o assunto é cor da pele. Ainda há quem acredite que pessoas “melhores” e “piores” são classificadas por etnias, raças, opiniões políticas, sexuais e religiosas. Para aqueles que creem que o ser humano branco precisa ter mais espaço do que o ser humano negro, o História do Dia fala hoje sobre como os negros chegaram no Brasil. Nessa história só há sofrimento.
Europeus, religiosos e cultos, era assim que se enxergavam os escravistas que invadiram a África para aprisionar negros. Com a expansão marítima, os povos da Europa ganharam o Atlântico, descobriram a América e se estabeleceram no Novo Mundo.
No Brasil, com a criação do Governo Geral, em 1549, a Coroa Portuguesa estimulou a criação de engenhos de açúcar. Eles precisavam de mão de obra e, como era escassa, tentaram escravizar os índios, mas não tiveram sucesso. Eles adoeciam muito fácil com os vírus trazidos pelos europeus. Os jesuítas conseguiram proibir a captura de índios para o trabalho forçado, ou pelo menos tentaram. A Coroa Portuguesa autorizou que cada senhor de engenho importasse 120 negros da África e abriu as portas para um comércio lucrativo e cruel.
Estima-se que entre os séculos XVI e XIX pelo menos 3 milhões de africanos tenham sido transportados em navios negreiros pelo Atlântico. Os europeus, entre eles, portugueses, holandeses, franceses e ingleses, e depois de alguns anos, brasileiros, se estabeleceram em diversos pontos do litoral africano e construíram fortes e feitorias, sem nenhum compromisso em colonizar essas áreas. Montaram portos com estrutura para abastecer navios de pessoas.
Rapidamente a população do litoral africano diminuiu. Para conseguir a “mercadoria”, os exploradores iam para dentro do continente e buscavam pessoas no interior dos países, o que aumentava o sofrimento dos negros.
Presos e amarrados por correntes, pedaços de madeira ou ferro, os potenciais escravos eram vigiados por homens armados e obrigado a andar por quilômetros, dias a fio, sem receber alimentação e descanso necessários. Acredita-se que essa fosse uma prática adotada para que os prisioneiros ficassem cansados e não tivessem forças para qualquer tipo de reação. Muitas pessoas morriam no caminho.
Quando chegavam ao litoral, os negros eram deixados em barracões sem qualquer condição de higiene. Ali esperavam que os traficantes de escravos acertassem toda a documentação para que a viagem pelo Atlântico começasse. Era interesse dos comerciantes que esse tempo fosse curto porque os navios pagavam diárias no porto, mas nem sempre era um processo célere.
Com a partida autorizada, os navios negreiros ou tumbeiros (referência a tumbas por causa da quantidade de pessoas mortas) demoravam entre 30 e 45 dias para chegar no Brasil, dependendo do ponto que eles partiam. Os portugueses e brasileiros traficavam partindo, principalmente de Angola, e depois da proibição do tráfico negreiro, de Moçambique, para tentar burlar a fiscalização dos ingleses.
Cada um desses navios podia receber de 400 a 500 africanos, que viajavam nos porões. A estimativa é que cerca de 20% dos transportados morriam durante a travessia, que era cruel. Assim como nos barracões, não havia higiene, comida, água, luz do dia, e era pior, porque estavam vulneráveis as condições do mar e sequer sabiam onde estavam e para onde seriam levados.
Ao chegarem no Brasil, nos portos de Rio de Janeiro e de Salvador, eram levados para a engorda, para ganharem uma melhor aparência e serem comercializados. Eles eram expostos no que se chamava de Mercado de Escravos. Após serem vendidos, a maioria acaba indo para fazendas de cana e depois café.
Além de terem sido retirados de sua terra natal, passar por todo sofrimento da travessia, serem submetidos a jornadas longas de trabalho e castigos, ainda eram obrigados a renegar sua cultura. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. Os reflexos dessa forma de tratar o povo negro são sentidos até hoje, como por exemplos, os ataques racistas e as agressões as culturas negras, como a religião.