O que motivou a cidade do Rio de Janeiro a homenagear este importante cidadão brasileiro?
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Miguel Vieira Graña Drummond tem 8 anos e é bisneto do poeta Carlos Drummond de Andrade. O menino foi uma das crianças que participaram hoje, no Rio de Janeiro, de uma atividade infantil, dentro da programação da quinta edição do Dia D: Homenagem a Carlos Drummond de Andrade.
A iniciativa do Instituto Moreira Sales (IMS), na Gávea, zona sul do Rio, tem como meta incluir o dia 31 de outubro, data de nascimento do poeta, no calendário cultural do Brasil e promover a obra do escritor.
Na atividade, as crianças ouviram a declamação do poema Cidadezinha Qualquer, a cargo da assistente cultural da coordenadoria de literatura do IMS, Elisa Brasil, e, depois, com um papel que tinha a moldura de uma janela, puderam fazer o desenho que quisessem para expressar a imagem que a obra de Drummond tinha deixado em cada uma delas.
Animado, Miguel recitou a parte preferida e a que mais se identificou no poema: Casas entre bananeiras, mulheres entre laranjeiras, pomar amor cantar.
"Essa foi a parte mais legal. É a primeira estrofe do poema", indicou o menino.
No desenho, Miguel quis mostrar a vida pacata de uma cidade.
"A minha cidadezinha é bem parecida com o poema. É devagar. É tranquila, com casas pequenas. Acho que seria muito bom morar lá, mas aqui é melhor porque tem a minha família, mas lá também seria bom porque tem parte da minha família nesta casa que eu desenhei", contou, satisfeito e demonstrando que o importante seria estar junto com a família.
"Acho que foi muito bom participar deste trabalho aqui", completou.
O artista plástico Pedro Augusto Graña Drummond, neto de Drummond e pai de Miguel, disse que era uma alegria ver a importância e o carinho das pessoas com a obra do avô.
"A poesia une as pessoas e é muito bonito perceber isso", destacou, acrescentando que a atividade infantil foi um acerto na programação.
"É importante dar às crianças este estímulo. Ajuda o desenvolvimento criativo, a prática da imaginação e o desenvolvimento intelectual. A poesia ajuda a gente a pensar", disse.
Para Pedro Augusto, as melhores lembranças do avô são os momentos em que dividia com ele as dúvidas.
"As vezes sabendo onde procurar a resposta eu preferia perguntar para ele, porque ele procurava nos livros e lia em voz alta para mim. Isso era uma coisa que me dava muito prazer e muita alegria de sentir, de ficar na cadeira de balanço dele, enquanto ele lia um poema ou me ensinava coisas", recordou.
Outra atividade da programação que atraiu o público ficou por conta de duas rodas de literatura, em meio aos jardins do IMS, com a apresentação e análise de poemas do homenageado.
Em uma delas, a análise foi feita pela professora e pesquisadora da obra de Drummond, Mariana Quadros, que analisou o poema A Flor e a Náusea, publicado no livro A Rosa do Povo.
O estudante Leo Bronstein, de 15 anos, disse que teve interesse em participar porque gosta muito de literatura. "Quanto mais você lê mais ideias você cria. Pode entrar na história. Drummond tem uma obra muito saborosa para a leitura e para a escrita", revelou.
Na outra roda, com o professor e pesquisador Luciano Rosa, o poema era O Elefante, também do livro A Rosa do Povo, que este ano completa 70 anos .
A psicanalista Regina Pimentel foi acompanhar a leitura porque, na avaliação dela, cultura e arte são instrumentos terapêuticos e alimentam a alma.
Para Regina, o poema trouxe a vivência da solidão nos grandes centros, de uma pessoa que passa indiferente nas ruas sem ser percebida pelos outros ao redor.
"Ele se dissolve no final e diz que não tem importância porque amanhã eu recomeço. É absolutamente atual neste mundo em que a gente vive", observou.
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