o que aconteceu em 3 de maio de 1808(detalhes sobre o fuzilamento)
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Explicação:
Este espantoso quadro de Goya é uma das imagens mais memoráveis da desumanidade do homem para com o homem. Os exércitos de Napoleão ocuparam a Espanha, mas no dia 2 de maio de 1808 os cidadãos de Madri levantaram-se contra os franceses.
No dia seguinte o exército francês revidou com uma terrível vingança, executando centenas de rebeldes e muitas outras pessoas que eram apenas observadores dos inocentes.
Goya só conseguiu registrar esses fatos alguns anos depois, quando o rei Fernando VII foi reconduzido ao trono espanhol. O quadro transcende o contexto histórico específico e demonstra duas características principais da arte de Goya: suas imagens marcantes e diretas, e sua moralidade que questiona mas, em última análise, é distanciada.
Do ponto de vista estético e histórico, o quadro de Goya é o oposto de O Juramento dos Horácios, Jacques-Louis David. Este último apresenta uma imagem familiar do herói, disposto a morrer por uma causa. Goya nos dá o anti-herói: não o guerreiro, mas a vítima, cuja morte se torna, quase por acaso, um ponto de união para os que lutam contra a opressão.
O estilo de Goya também contrasta com o de David, com poucos contornos nítidos, espalhando a tinta de maneira livre e fluída, cheia de ambiguidades e sutilezas. Note que a pose dos soldados de Goya repete de maneira invertida a dos Horácios, de David.
Este quadro de Goya intitula-se O 3 de Maio de 1808 em Madri: Os Fuzilamentos na Montanha do Príncipe Pio, embora também seja conhecido por Os Fuzilamentos da Moncloa.
É pintado de forma totalmente anti-retórica: num charco de sangue, três cadáveres no chão, enquanto um frade e alguns camponeses esperam receber a descarga; aproxima-se deles uma outra fila de condenados que vão morrer. É noite; contra o céu escuro recorta-se o perfil da capital e, em primeiro plano, rodeado de luzes e sombras projetadas de encontro ao muro por uma lanterna, tem lugar a execução brutal e sem piedade.
A atenção concentra-se na figura do condenado de camisa branca e com os braços em cruz que desafia os soldados sem rosto, curvados e fixos no ponto de mira, enquanto o frade reza e os restantes fazem gestos de desespero, numa atmosfera ainda mais gélida, devido ao sangue que se espalha pelo chão e que chega aos pés dos algozes.
A camisa imaculada, prestes a ser trespassada pelas balas, converte-se no estandarte de uma denúncia universal contra a guerra.