O que a autora Marilena Chaui quer dizer quando afirma que "nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação tácita de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias"?
Soluções para a tarefa
Olá.
Basicamente, podemos afirmar que Marilena Chaui fez uma crítica social à aceitação de “verdades”¹ sem verificação da veracidade da mesma.
Conteúdo Extra:
O tipo de “verdade” em foco na crítica são aquelas que aceitamos como naturais,
pois, por alguma razão, ela aparenta não precisar de verificação. Um exemplo clássico
está em crenças religiosas (ex.: crenças nos feitos de um ser divino), crenças sociais
(ex.: crenças ligadas a como sociedade funciona; ou como um grupo pensa sobre
determinado fenômeno ou objeto) e semelhantes.
A principal razão da não verificação das “verdades” é o excesso de confiança, que pode se dar por experiências empíricas não científicas, por laços com quem passa as verdades ou por senso comum (“foi ensinado no grupo social dessa maneira por muitos anos e assim continua”, gerando “conhecimentos”).
Exemplo 1: Um indivíduo afirma que colocar bebidas frias dentro de um isopor pode fazer com que demore mais tempo para que essas descongele, pois “o pai falou”.
Nesse caso, a aceitação da verdade se dá por confiança pelos laços que tem com o pai.
Exemplo 2: Em uma cidade do interior, um indivíduo sem muitos estudos fala que a família tradicional brasileira “tem o pai como principal” e seus interlocutores, também sem muitos estudos, concordam.
Nesse caso, a aceitação vem por senso comum, pois é sabido (e vivido) que em sociedades mecânicas do interior, a família tende a ser patriarcal.
¹ René Descartes, em Discurso do Método, afirma que a verdade absoluta (que é a mais confiável) é adquirida quando não há nada nem ninguém que a refute. Esse ponto de vista abre uma brecha para que algo seja assumido como verdade apenas pela aceitação, ou pela ausência de argumentos/provas/fatos contra.
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Bons estudos