O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas da roda
Gira, gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
RESPONDA:
Na primeira estrofe da poesia de Fernando Pessoa, o autor trabalha com um jogo de
palavras.
Quais são essas palavras?
Que ideia o autor nos transmite?
Soluções para a tarefa
Resposta:
1) Fingidor e sente.
2) Formando um rima perfeita, é colocada uma metáfora que classifica o poeta como um fingidor. Isso, significando que o poeta é capaz de se transformar nos próprios sentimentos que estão dentro dele, de uma forma expressiva única. Normalmente, ''fingidor'' possui um conceito pejorativo, mas Fernando Pessoa versejando nos passa a noção de que o fingimento é um instrumento da criação literária. O fingir de Fernando Pessoa criou diversos heterônimos conhecidos, como os mais famosos sendo: Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Nesses personagens, foram abordadas várias emoções e se transformando em cada uma delas, criando personagens com formas distintas de ser e de sentir.
As palavras que fazem esse jogo são "fingidor", "finge" e "fingir".
A ideia é de que a emoção que um poema exprime é fictícia.
Explicação:
Segundo o poema, no processo de criação literária, o poeta transforma algo externo à literatura, como a dor, em um objeto estético.
Ou seja, o poeta cria, inventa com base em uma experiência real, residindo aí a criação literária.
Assim, ele parte de uma dor real, vivida, para criar uma segunda dor, fingida. O poeta é um criador, que inventa com base na vida real. Então, ele parte de uma dor real, para criar uma outra dor, falsa.
Talvez, pelo fato de o leitor também participar da situação, ele crie outra dor, uma dor que ele imagina através de sua experiência pessoal.
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