O poema abaixo foi extraído da obra Livro das ignorãças, de Manoel de Barros (p.89).
Descobri aos 13 anos que o que me dava prazer nas leituras não era a beleza das frases, mas a doença delas.
Comuniquei ao padre Ezequiel, um meu Preceptor, esse gosto esquisito.
Eu pensava que fosse um sujeito escaleno.
– Gostar de fazer defeitos na frase é muito saudável, o Padre me disse.
Ele fez um limpamento em meus receios.
O Padre falou ainda: – Manoel, isso não é doença, pode muito que você carregue para o resto da vida um certo gosto por nadas...
E se riu.
Você não é de bugre? – ele continuou.
Que sim, eu respondi.
Veja que bugre só pega por desvios, não anda em estradas
Pois é nos desvios que encontra melhores surpresas e os ariticuns maduros.
Há que apenas saber errar bem o seu idioma.
Esse Padre Ezequiel foi o meu primeiro professor de agramática.
Observe que, brincando com a forma, o poeta faz uma reflexão sobre o ato de poetar.
Assinale a alternativa que está em desacordo com o jogo proposto no poema.
a) O poeta faz uma relação entre os padrões linguísticos e as inovações realizadas na poesia.
b) “Os desvios” e as “doença” são recursos argumentativos que surgem do domínio que o poeta possui da língua.
c) Os travessões e as reticências completam o cômico permitindo ao leitor contribuir para a construção dos sentidos.
d) O cômico da retórica manoelina consiste em respeitar a ordenação padronizada da língua.
e) O efeito cômico surge do jogo da língua em que o poeta desvia os sentidos comuns das palavras.
Soluções para a tarefa
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Resposta:
letra (a)
eu acho
desculpa se fora errada
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