O poder de influência dos grandes meios de comunicação empresariais fazem o mundo crer que é na Venezuela que existe o mais grave problema humanitário da região. Só não dizem que o foco é para desestabilizar a Venezuela por conta dos interesses dos Estados Unidos (EUA) no petróleo do país.Mas não muito distante da Venezuela existe um país que sangra diariamente diante de um problema que se arrasta durante séculos. O drama da fome, da pobreza, das doenças epidêmicas, da falta de recursos energéticos, das catástrofes naturais e da imposição estadunidense nos destinos políticos fazem do Haiti um país à beira de um colapso humanitário. Conforme a leitura do texto e o conhecimento sobre o processo de independência do Haiti qual relação existe entre elas?
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Resposta:Resumo
Os franceses ocupavam a porção oeste da Ilha de Hispaniola enquanto os espanhóis, a parte leste.
Ambas, porém, homenageavam o mesmo santo, mas cada um no seu idioma: Saint-Domingue para os franceses, Santo Domingo, para os espanhóis.
Até 1789, Saint-Domingue era a mais rica das colônias francesas, produzindo 40% do açúcar do mundo. O monopólio era administrado por 40 mil colonos franceses a serviço da metrópole.
Os escravos, contudo, representavam meio milhão de pessoas e eram brutalmente maltratados.
Enfrentavam problemas como escassez de alimentos, tinham uma elevada taxa de mortalidade e estavam expostos à doenças infectocontagiosas
Havia, ainda, quase 30 mil pessoas de origem africana que trabalhavam como empregados domésticos nas casas dos colonizadores. Estavam um degrau acima dos trabalhadores rurais, pois eram alfabetizados e também serviam ao exército.
Toussaint Louverture e Jean Jacques Dessalines
Causas
Foi nesse contexto que os fazendeiros franceses começaram a discutir a aplicação dos princípios da Revolução Francesa para a independência da ilha.
Em 1791, apoiando-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, o novo governo francês decidiu dar cidadania francesa para todo homem que fosse livre e proprietário, sem considerar a cor da pele.
Esta atitude despertou revolta nos escravos, pois esperavam ganhar a liberdade com a Revolução Francesa. Desta maneira, destruíram plantações, expulsaram os colonizadores e mataram os que se recusaram a sair.
Os escravos, liderados por François Toussaint Breda, neto de um chefe africano, derrotaram os franceses e aliados. Mais tarde, ele adotou o nome de Toussaint L'Ouverture (abertura, em francês) e se tornou o líder militar da revolução.
Toussaint L'Ouverture transformou os escravos em soldados disciplinados. Apoiado por tropas espanholas e britânicas, a guerra foi sangrenta.
Em 22 de agosto de 1791, começa uma guerra civil. No ano seguinte, um terço da ilha estava sob o controle dos revolucionários e em 1793 é proclamado o fim da escravidão.
Percebendo que não poderiam derrotá-lo, o governo francês decidiu abolir formalmente a escravidão na colônia em 1794.
No entanto, com a ascensão de Napoleão Bonaparte, este decide restabelecer a escravidão nas colônias. O motivo era simples: Bonaparte precisava de dinheiro para financiar seus Exércitos e queria construir o Império francês na América.
A Constituição para Saint-Domingue foi assinada em 1801. No entanto, Napoleão Bonaparte (1789-1821) enviou o general Charles Leclerc (1772-1802) para restabelecer a escravidão e a lei francesa.
O general francês consegue algumas vitórias e inclusive captura Toussaint L'Ouverture e o envia prisioneiro à França, onde morreria.
Dos 40 mil homens que compunham o Exército francês, dois terços morreram de febre amarela e os demais foram liquidados nas escaramuças.
Independência do Haiti
Consequências
O êxito francês ocorreu, mas durou pouco. Comandados agora por Jacques Dessalines, em janeiro de 1804, Saint-Domingue foi declarado uma república independente e passou a usar o nome de indígena de Haiti.
Foi a primeira revolta de escravos bem-sucedida no mundo moderno e uma das poucas nações que derrotou o exército napoleônico.
A liberdade, porém, custou caro. Além da agricultura em colapso pelo longo período de guerra, em 1825, os governantes haitianos foram obrigados a reparar os proprietários de escravos.
A dívida, de 150 milhões de francos, foi acordada em troca do reconhecimento da independência pelos franceses, o que só ocorreu em 1834.
Igualmente, a revolta dos escravos negros contra os seus senhores fez tremer as demais colônias onde havia mão de obra escrava.
Os líderes da independência da América Espanhola se inspiraram no Haiti e chegaram a solicitar ajuda para combater os espanhóis.
No Brasil, por exemplo, a Revolta dos Malês foi inspirada pelos feitos haitianos.