O pássaro mágico
Um tuxaua navegava numa canoa em direção contrária à corrente de um no.
De repente, percebeu, com espanto, o ruído cada vez mais forte da cascata que
tinha ficado muito para trás. Parecia que, en lugar de avançar, ele recuava para
o abismo. Remou com mais força. Mas, quanto mais remava, mais intenso se
tornava o ruído da cachoeira. Apavorado com o que acontecia, implorou a um
pássaro que voava sobre sua cabeça:
- Pássaro, empresta-me as tuas asas, para que eu possa chegar à minha tribo!
Assim que o indio falou, o pássaro mergulhou nas águas do rio e desapareceu.
Imediatamente, o ruído da cascata foi diminuindo, até desaparecer de todo. O
tuxaua pôde, então, fazer sua canoa deslizar rapidamente sobre o rio.
Chegando à taba, foi recebido com grande alegria por seus companheiros. Ele
saíra de casa havia muitos dias e todos já o consideravam perdido. Em regozijo
pelo seu regresso, houve à noite uma grande festa na tribo.
Durante as danças, chamou a atenção do tuxaua a presença, na taba, de um
guerreiro desconhecido, que cortejava a sua noiva. Era um indio alto, belo e
forte, tendo ao pescoço muitos colares feitos com dentes de animais abatidos
e de inimigos mortos na guerra. Seu corpo estava coberto de penas lindas e
raras. E, na sua cabeça, viam-se duas asas, que lembravam as do pássaro que
havia salvado o tuxaua.
Ficou este com inveja da beleza do guerreiro desconhecido. Além disso, encheu-
-se de ciúmes diante das atenções que o jovem dispensava à sua noiva. Sem poder
dominar sua revolta, aproximou-se do casal e, numa atitude provocadora, arrancou
a noiva da companhia do guerreiro. Este não repeliu o insulto. Então, todos os
indios da tribo o expulsaram da festa por ser covarde.
O guerreiro de asas de pássaro afastou-se em silêncio, mas de cabeça erguida.
Ao chegar à beira do rio, atirou-se na água. Julgando que ele quisesse fugir a
nado, os índios embarcaram em suas canoas para persegui-lo.
Nesse momento, o estrondo de uma cascata ecoou no espaço. E um pássaro
surgiu no ar, gritando: Tincoā! Tincoā! Então, a noite desceu sobre a terra, os
índios foram dominados por um pavor que nunca tinham sentido, e todos foram
envolvidos e arrastados pelas águas furiosas do rio.
1) Encontre no texto
a) dois verbos no pretérito perfeito do indicativo
b) dois verbos no pretérito imperfeito do indicativo
2) há algum ser fantástico ou imaginário no texto lido? em caso afirmativo, descreva-o
3) escreva um resumo da lenda que você leu.
4) Por que os índios se assustaram?
Soluções para a tarefa
1. a) Dois verbos no pretérito perfeito do indicativo: percebeu e remou.
b) Dois verbos no pretérito imperfeito do indicativo: navegava e parecia.
2. Sim, o ser fantástico ou imaginário é o guerreiro desconhecido, que era o pássaro que havia salvado o tuxaua.
> Ele era alto, belo e forte, tinha o pescoço coberto de colares feitos com dentes de animais abatidos e de inimigos mortos na guerra e o corpo coberto de penas.
3. Resumo: O tuxaua foi salvo da forte correnteza do rio por um misterioso pássaro. Quando chegou na tribo, havia um guerreiro desconhecido, que tinha o corpo coberto de penas e asas que lembravam as do pássaro que salvara o tuxaua. Tuxaua ficou com ciúme dele com sua noiva e o expulsou da tribo. Os índios o perseguiram até o rio e acabaram morrendo afogados pela forte correnteza causada pelo guerreiro-pássaro.
4. Os índios se assustaram porque o estrondo de uma cascata ecoou no espaço, um pássaro surgiu no ar, gritando: Tincoā! Tincoā! E a noite desceu sobre a terra.