O mundo seria ordenado demais, harmonioso demais, para que se possa explicá-lo sem supor, na sua origem, uma inteligência benevolente e organizadora. Como o acaso poderia fabricar um mundo tão bonito? Se encontrassem um relógio num planeta qualquer, ninguém poderia acreditar que ele se explicasse unicamente pelas leis da natureza, qualquer um veria nele o resultado de uma ação deliberada e inteligente. Ora, qualquer ser vivo é infinitamente mais complexo do que o relógio mais sofisticado. Não há relógio sem relojoeiro, diziam Voltaire e Rousseau. Mas que relógio ruim o que contém terremotos, furacões, secas, animais carnívoros, um sem-número de doenças - e o homem! A história natural não é nem um pouco edificante. A história humana também não. Que Deus após Darwin? Que Deus após Auschwitz? (André Comte-Sponville.Apresentação da filosofia,2002. Adaptado.) Sobre os argumentos discorridos pelo autor, é correto afirmar que a existência de Deus é (A) defendida mediante um argumento de natureza estética, em oposição ao caráter ideológico e alienante das crenças religiosas. (B) tratada como um problema sobretudo metafísico e teológico, diante do qual são irrelevantes as questões empíricas e históricas. (C) abordada sob um ponto de vista bíblico-criacionista, em oposição a uma perspectiva romântica peculiar ao iluminismo filosófico. (D) problematizada mediante um argumento de natureza mecanicista-causal, em oposição ao problema ético da existência do mal. (E) tratada como uma questão concernente ao livre-arbí- trio da consciência, em detrimento de possíveis especulações filosóficas.
Soluções para a tarefa
No texto acima, o filósofo ateu André Comte-Sponville apresenta o seu posicionamento contrário à religião e questiona a possibilidade de existência de um Deus criador, onipresente.
Entre os seus argumentos, podemos apontar a concepção de que toda a desordem, existente no mundo atual, é algo natural do ser humano; e que se esse Deus realmente existisse, esse problema de desordem social teria sido resolvido por Ele.
A alternativa a ser assinalada é, pois, a letra D.
Resposta:
Letra D
Explicação:
O autor critica o argumento de existência de Deus que diz que algo tão "bonito" quanto a natureza não pode ter sido criado por acaso, sem a ação de um ser inteligente. Seu contraponto é a existência do mal, tanto natural quanto humano (citando o campo de concentração de Auschwitz).