O Lavador de Pedra, Manoel de Barros
A gente morava no patrimônio de Pedra Lisa. Pedra Lisa era um arruado de 13 casas e o rio por detrás. Pelo arruado passavam comitivas de boiadeiros e muitos andarilhos. Meu avô botou uma Venda no arruado. Vendia toucinho, freios, arroz, rapadura e tais. Os mantimentos que os boiadeiros compravam de passagem. Atrás da Venda estava o rio. E uma pedra que aforava no meio do rio. Meu avô, de tardezinha, ia lavar a pedra onde as garças pousavam e cacaravam. Na pedra não crescia nem musgo. Porque o cuspe das garças tem um ácido que mata no nascedouro qualquer espécie de planta. Meu avô ganhou o desnome de Lavador de Pedra. Porque toda tarde ele ia lavar aquela pedra.
A Venda ficou no tempo abandonada. Que nem uma cama ficasse abandonada. É que os boiadeiros agora faziam atalhos por outras estradas. A Venda por isso ficou no abandono de morrer. Pelo arruado só passavam agora os andarilhos. E os andarilhos paravam sempre para uma prosa com o meu avô. E para dividir a vianda que a mãe mandava para ele. Agora o avô morava na porta da Venda, debaixo de um pé de jatobá. Dali ele via os meninos rodando arcos d e barril ao modo que bicicleta. Via os meninos em cavalo de pau correndo ao modo que montado sem ema. Via os meninos que jogavam bola de meia ao modo que de couro. E corriam velozes pelo arruado ao modo que tivessem comido canela de cachorro. Tudo isso mais os passarinhos e os andarilhos era a paisagem do meu avô. Chegou que ele disse uma vez: Os andarilhos, as crianças e os passarinhos têm o dom de ser poesia. Dom de ser poesia é muito bom!
Memórias inventadas: a infância. São Paulo: Planeta do Brasil, 2003
O narrador do texto utiliza uma linguagem predominantemente
a) científica. b) técnica. c) regional. d) jornalística.
Soluções para a tarefa
Resposta:
sem eu não me angano é a resposta a
O narrador do texto utiliza predominantemente a linguagem regional. Portanto, LETRA C.
→ Muitas palavras e expressões são comuns apenas a determinada região, temos aqui os chamados regionalismos.
Assim, é possível que um mesmo alimento, por exemplo, receba nomes diferentes dependendo da região do falante.
Exemplos:
- aipim, mandioca, macaxeira.
- mexerica, tangerina.
A variação linguística regional ocorre principalmente devido a fatores culturais e históricos. Sendo assim ela é usada, de modo sistêmico e coerente, em conformidade com o contexto geográfico, sociocultural e histórico em que a sociedade falante dessa língua manifesta-se de forma verbal.
Você pode se interessar também pela 'linguagem coloquial':
- brainly.com.br/tarefa/25699643
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