Português, perguntado por lemosnicolly13, 4 meses atrás

O hotel era mesmo um horror. Ficava no alto de uma colina, logo na entrada

de Rincocó, pintado de cinza, com inúmeros telhados escuros parecendo escorrer

pelas paredes, cercado por um bosque de eucaliptos, que o frio intenso de julho desfolhara quase que inteiramente. Resumindo: tínhamos a impressão de estar em

algum lugar da Europa, quem sabe na Transilvânia.

Rincocó , afinal, era só uma cidadezinha bem mineira, encarapitada na serra da

Mantiqueira, pouco conhecida e muito valorizada como local de repouso pelos velhos

que chegavam das localidades mais próximas. Não parecia acontecer nada ali (...)

Como só devia haver velhos no hotel, certamente o teríamos inteirinho para as

brincadeiras que pretendíamos inventar, aguçada nossa imaginação pela atmosfera

do antigo casarão e pelos empregados mais estranhos que já tínhamos visto. Não

eram muitos: apenas dois garçons, cada um parecendo ter mais de cem anos, duas

camareiras com tipo de espiãs de filmes sobre nazistas, e uma espécie de porteiro-

gerente-carregador de malas, lembrando aquele Boris Karloff dos filmes de terror da

juventude de papai.

(...)

- Alguém tem ideia de quem foi o gênio que colocou uma piscina entre as

árvores?

Eu, que não tinha entendido a observação dele, rebati:

- Qual é o problema?

- Não bate sol nunca, sua anta! – respondeu Amanda, que nem estava na

conversa.

- Se começar a me aporrinhar, volta para o hotel!

- Não enche, Filé!

- Fica na sua, que é melhor para você!

A discussão só não se prolongou porque um “Oh, meu Deus” nos interrompeu:

Feijão havia se aproximado da piscina. Expressão assustada, demoramos quase

meio minuto para perceber que ele apenas apontava para alguma coisa dentro da

piscina, sem conseguir balbuciar uma palavra.

- Não me diga que tem sapo aí dentro! – Amanda fez uma careta de nojo que

me deliciou.

Feijão não parava de tremer. Achei que devia ser o frio, mas, então - e era só o

que nos faltava - o cretino desmaiou - ou melhor, foi caindo durinho feito um cabo de

vassoura para dentro da piscina. Caramba, às vezes, até eu me espanto com a minha rapidez: consegui agarrá-lo pelo suéter no último instante. Grande coisa! Caímos os

dois dentro da piscina gelada.

Eu não sabia se afogava, se congelava ou se salvava Feijão, que nem com toda

aquela água capaz de congelar instantaneamente uma “sevenup” tinha se recuperado

do desmaio. Tentei voltar à tona e dei de cara com um rosto inchado e azul, que me

olhava com o mais profundo terror. Acho que engoli metade da piscina com o susto,

pois, de repente, senti que estava com a cabeça do lado de fora da água, gritando

como se carregasse aquela coisa aferrada em meus calcanhares. (...)

Cadáver? Foi a última coisa que me passou pela cabeça, antes da água ficar

inteiramente negra e eu (...)

NEVES ,Antonio Carlos. Fantasmas. São Paulo: Saraiva, 2001. Pág.6-9 (Texto adaptado) Depois de ler o fragmento do livro “Fantasmas”, responda às questões a seguir:

1. Que tipo de narrador aparece no texto?​

Soluções para a tarefa

Respondido por NerdMaisBurroDoMundo
4

Resposta:

Nesse texto é o tipo narrador personagem que participa da história como protagonista.

Respondido por destruidor12223333
0

Resposta: A resposta é Onisciente

Explicação: é um tipo de narrador que conhece toda a história e os detalhes da trama. Além disso, ele tem conhecimento sobre seus personagens, desde sentimentos, emoções e pensamentos

espero ter ajudado

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