O historiador Boris Fausto, professor da Usp, sintetiza o período do “milagre econômico”
brasileiro:
“O período do chamado “milagre” estendeu-se de 1969 a 1973, combinando o extraordinário crescimento
econômico com as taxas relativamente baixas de inflação. O PIB cresceu na média de 11,2% no período,
tendo seu pico em 1973, com uma variação de 13%. A inflação média anual não passou de 18%. O milagre
tinha uma explicação terrena. Os técnicos que o planejaram, com Delfim Netto à frente, beneficiaram-se, em
primeiro lugar, de uma situação da economia mundial caracterizada pela ampla disponibilidade de recursos.
Os países em desenvolvimento mais avançados aproveitaram as novas oportunidades para tomar
empréstimos externos. O total da dívida externa desses países, não produtores de petróleo, aumentou de
menos de 40 bilhões de dólares, em 1967, para 97 bilhões, em 1972, e 375 bilhões, em 1980. Ao lado dos
empréstimos, cresceu no Brasil o investimento de capital estrangeiro. (...) Entre 1947 e 1964, o café
representava 57% do valor das exportações do Brasil. Passou a representar 37% entre 1965 e 1971 e apenas
15% entre 1972 e 1975. (...) O principal ponto vulnerável estava na excessiva dependência do sistema
financeiro e do comércio internacional. (...) Os aspectos negativos do "milagre" foram principalmente de
natureza social. A política econômica de Delfim Netto privilegiou a acumulação de capital, através das
facilidades apontadas e da criação de um índice prévio de aumentos de salários em nível que subestimava a
inflação. Do ponto de vista do consumo pessoal, a expansão da indústria, notadamente no caso dos
automóveis, favoreceu as classes de renda alta e média, mas os salários dos trabalhadores de baixa
qualificação foram comprimidos. Isso resultou em uma concentração de renda acentuada. Tomando-se como
100 o índice do salário \ mínimo de janeiro de 1959, ele caíra para 39 em janeiro de 1973. Esse dado é
bastante expressivo se levarmos em conta que, em 1972, 52,5% da população economicamente ativa recebia
menos de um salário mínimo e 22,8% entre um e dois salários. O impacto social da concentração de renda,
entretanto, foi atenuado. A expansão das oportunidades de emprego permitiu que o número de pessoas que
trabalhavam, por uma família urbana, aumentasse bastante. O outro aspecto negativo do "milagre", que
perdurou depois dele, foi a desproporção entre o avanço econômico e o retardamento ou mesmo o
abandono dos programas sociais do Estado. O Brasil iria notabilizar-se no contexto mundial por uma posição
relativamente destacada pelo potencial industrial e por indicadores muito baixos de saúde, educação,
habitação, que medem a qualidade de vida de um povo. ( O "capitalismo selvagem" caracterizou aqueles
anos e os seguintes, com seus imensos projetos, que não consideravam nem a natureza nem as populações
locais. A palavra "ecologia" mal entrara nos dicionários e a poluição industrial e dos automóveis parecia uma
bênção."
(Boris Fausto. História concisa do Brasil. São Paulo: Edusp,2002,p.269.)
a) Quais foram os dois principais aspectos da economia brasileira da época que levaram os
governantes a dizer que o país vivia o “milagre econômico”?
b) Quais foram as duas principais fontes de recursos para financiar o desenvolvimento industrial do
país?
c) Quais foram as camadas sociais que mais ampliaram sua capacidade de consumir?
d) Por que as famílias mais pobres puderam sobreviver apesar da diminuição do valor real do salário-
mínimo?
e) De que modo o governo no tempo do "milagre" encarava a necessidade de proteger o meio
ambiente?
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Tá conversando com quem o Bruno
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