Música, perguntado por calumbutera, 9 meses atrás

O Funk, assim como o samba, em seu início foi uma manifestação musical marginalizada. Com suas palavras explique porque este fato aconteceu.

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Respondido por gustavinholopesgbl
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O Funk sofre preconceito porque é um movimento de periferia e aborda questões que as pessoas não estão acostumadas a lidar. Além disso, fala dessas questões de uma maneira muito aberta, ao invés de usar os jogos de palavras típicos das músicas produzidas durante a ditadura

Desde o seu surgimento nos bailes do Rio de Janeiro, na década de 80, o funk sofre com tentativas de cerceamento, seja enquadrando-o como crime ou impondo sanções administrativas aos bailes e outras manifestações.

Em 1995 a cidade do Rio de Janeiro instaurou uma CPI Municipal para investigar uma suposta ligação do funk com o tráfico – que não encontrou provas. Quatro anos depois, em 1999, foi a vez do estado ter uma “CPI do Funk”, com o objetivo de investigar os bailes sob o viés de violência, drogas e desvio de comportamento do público infanto-juvenil. A CPI não encontrou provas, mas criou a lei estadual 3.410/2000, que apresenta uma série de regulações e obrigações aos organizadores dos bailes.

Em São Paulo, já no ano de 2013, os vereadores Coronel Camilo (PSD) e Conte Lopes (PTB) apresentaram um Projeto de Lei que proibia a realização de bailes funk em vias públicas de São Paulo, os chamados “fluxos”. O PL foi vetado pelo então prefeito Fernando Haddad, que assinou apenas um decreto impondo multa a quem utilizasse som automotivo em alto volume pelas ruas.

“O fluxo das ruas é um sinal da ausência de políticas públicas para a juventude da periferia, de um Estado que só chega armado na comunidade”, reflete Bruno Ramos, um dos fundadores da Liga do Funk. “Particularmente não acho os Fluxos interessantes por questões como o barulho, segurança e horários, mas não adianta o poder público retirá-los da rua e não substituir por nenhuma outra alternativa”, argumenta. Segundo levantamento da prefeitura de 2014, mais de 600 Fluxos ocorriam em São Paulo de quarta a domingo.

“O funk era um fenômeno carioca, mas agora é uma questão brasileira”, avalia Silvio Essinger, jornalista, crítico musical e autor do livro Batidão: uma história do funk. “Quando os bailes se espalham pelo Brasil, principalmente nas favelas, aumenta a tensão. A música alta é um signo do confronto, fala a linguagem da favela para o resto da sociedade”, defende o jornalista, para quem o gênero é abraçado por toda a favela, o que inclui as facções criminosas.

Produtor cultural e estudante de sociologia, Bruno Ramos tem uma opinião parecida. Para ele, todas as vertentes do funk são válidas, desde que não agridam outras pessoas. Mas são, acima de tudo, um reflexo da realidade na qual as pessoas estão inseridas.

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