O dono da bola
Ruth Rocha
O nosso time estava cheio de amigos. O que nós
não tínhamos era a bola de futebol. Só bola de
meia, mas não é a mesma coisa.
Bom mesmo é bola de couro, como a do Caloca.
Mas, toda vez que nós íamos jogar com Caloca,
acontecia a mesma coisa. E era só o juiz marcar
qualquer falta do Caloca que ele gritava logo:
– Assim eu não jogo mais! Dá aqui a minha bola!
– Ah, Caloca, não vá embora, tenha espírito
esportivo, jogo é jogo…
– Espírito esportivo, nada! – berrava Caloca. – E
não me chame de Caloca, meu nome é Carlos
Alberto!
E assim, Carlos Alberto acabava com tudo que
era jogo.
A coisa começou a complicar mesmo, quando
resolvemos entrar no campeonato do nosso
bairro. Nós precisávamos treinar com bola de
verdade para não estranhar na hora do jogo.
Mas os treinos nunca chegavam ao fim. Carlos
Alberto estava sempre procurando encrenca:
– Se o Beto jogar de centroavante, eu não jogo!
– Se eu não for o capitão do time, vou embora!
– Se o treino for muito cedo, eu não trago a bola!
E quando não se fazia o que ele queria, já sabe,
levava a bola embora e adeus, treino.
Catapimba, que era o secretário do clube,
resolveu fazer uma reunião:
– Esta reunião é para resolver o caso do Carlos
Alberto. Cada vez que ele se zanga, carrega a
bola e acaba com o treino.
Carlos Alberto pulou, vermelhinho de raiva:
– A bola é minha, eu carrego quantas vezes eu
quiser!
– Pois é isso mesmo! – disse o Beto, zangado. – É
por isso que nós não vamos ganhar campeonato
nenhum!
– Pois, azar de vocês, eu não jogo mais nessa
droga de time, que nem bola tem.
E Caloca saiu pisando duro, com a bola debaixo
do braço.
Aí, Carlos Alberto resolveu jogar bola sozinho.
Nós passávamos pela casa dele e víamos. Ele
batia bola com a parede. Acho que a parede era o
único amigo que ele tinha. Mas eu acho que jogar
com a parede não deve ser muito divertido.
Porque, depois de três dias, o Carlos Alberto não
aguentou mais. Apareceu lá no campinho.
– Se vocês me deixarem jogar, eu empresto a
minha bola.
Carlos Alberto estava outro. Jogava direitinho e
não criava caso com ninguém.
E, quando nós ganhamos o jogo final do
campeonato, todo mundo se abraçou gritando:
– Viva o Estrela-d’Alva Futebol Clube!
– Viva!
– Viva o Catapimba!
– Viva!
– Viva o Carlos Alberto!
– Viva!
Então o Carlos Alberto gritou:
– Ei, pessoal, não me chamem de Carlos Alberto!
Podem me chamar de Caloca!
1) Quem é o protagonista, isto é, o personagem principal da história?
2) Quem narra a história participa dela ou não?
3) Carlos Alberto costumava fazer chantagem e impor condições para emprestar sua bola de couro.
Comprove a afirmação com uma frase retirada do texto
Soluções para a tarefa
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Resposta:
1) Carlos Alberto
2) sim.
3) Sim. Se eu não for o capitão do time, vou embora!
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