O dia em que nasci moura e pereça
O dia em que nasci moura e pereça,
Não o queira jamais o tempo dar;
Não torne mais ao Mundo, e, se tornar,
Eclipse nesse passo o Sol padeça.
A luz lhe falte, O Sol se [lhe] escureça,
Mostre o Mundo sinais de se acabar,
Nasçam-lhe monstros, sangue chova o ar,
A mãe ao próprio filho não conheça.
As pessoas pasmadas, de ignorantes,
As lágrimas no rosto, a cor perdida,
Cuidem que o mundo já se destruiu.
Ó gente temerosa, não te espantes,
Que este dia deitou ao Mundo a vida
Mais desgraçada que jamais se viu!
CAMÕES, Luis Vaz de. 200 sonetos.
Porto Alegre: L&PM, 1998.
QUESTÃO 9 – No poema de Camões a visão de
mundo expressa pelo eu-lírico está baseada na ideia
de:
a)alegria de viver.
b)valorização da natureza.
c)sentimento órfico.
d)manifestação divina.
e)desconcerto do mundo.
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E) desconcerto do mundo
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Resposta:
Alternativa [E]
Explicação:
No soneto “O dia em que nasci moura e pereça”, o eu poético lamenta o acontecimento fortuito e totalmente alheio à sua vontade de ter nascido no dia aziago que só lhe trouxe amarguras. Deste modo, atribui a origem do seu mal-estar ao destino adverso que o pôs no mundo no dia errado, ou seja, justifica o fato pelas contingências da própria existência humana, obrigada a conviver com a instabilidade e o desconcerto do mundo, como se afirma em [E].
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