O bar era do seu Manoel, eu estava lá refrescando a goela quando a polícia chegou e me carregou para o distrito. Disse a eles o tempo todo que não sabia por que estava sendo preso, o que não é de todo mentira porque ninguém me explicou nada direito, foram chegando e me trazendo pra cá, dizendo só que eu era foragido, que há tempos estavam atrás de mim. E estavam mesmo, meu outro advogado já tinha me dito para eu dar sumiço, mas eu resolvi ficar aqui por São Paulo mais um tempo, juntar um dinheiro para voltar para minha terra. Para minha terra, bem dizer, não, porque lá eu também não posso aparecer. Acontece que lá no interior eu era casado, tinha uma mulher muito bonita, mas muito safada. Morreu, coitada. Eu sai do interior com uma mão na frente e outra atrás, vim pra esta cidade porque não conseguia suportar a dor de haver sido traido por ela. Pela mulher, não pela cidade. Aqui eu arranjei outra, mas fiquei remoendo a dor do passado, e então num belo dia, resolvi ligar para minha ex, no interior, e a convidei para vir a São Paulo. Quando ela chegou na rodoviária, eu não aguentei a raiva, puxei a faca e a matei ali mesmo, perto da Estação do Metrô. Sai correndo e tenho certeza que ninguém me viu, mas mesmo assim, depois de uns bons seis anos, eu fui chamado a julgamento, o oficial de justiça apareceu na porta de casa. Foi ai que contratei advogado, um cara meia-boca, que disse que o processo estava bem dificil para mim. Não sei por quê, se ninguém me viu. Fui a júri e a defesa não foi boa, me condenaram, paguei seis anos e achei que iria apelar da sentença. Passaram quase dois anos e então o advogado me ligou dizendo que a apelação não tinha dado certo. Disse que eu deveria me apresentar no fórum, que eu não iria pra cadeia, no máximo para a colônia, pois assim determinava a sentença, e eu bem sei que essa tal de colônia nem existe. Achei que ele estava me enganando, e disse isso a ele. Foi então que o doutor falou pra eu ou me apresentar, ou sumir de vez, porque se eu não me apresentasse, quando eles me pegassem na rua eu iria pra cadeia mesmo. Não me pegaram na rua, mas no Bar do Seu Manoel, refrescando a goela. No mais, foi bem feito, porque um dia eu peguei a falecida me traindo com o prefeito. Na época, ciaro ela ainda não era falecida. Pegar, não peguei, mas me disseram. Desde então, esperei o dia certo pra fazer o que fiz. Isso eu conto pro senhor porque se o delegado perguntar, eu nego. Escrito na terceira pessoa.
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interessante a narrativa, logo, todos estamos sob a egede das leis, não estamos escapos dos furores, como assim traz o narrado.
No entanto, não compreendo a pertinênciai, caso tenha uma pergunta a ser feita encima do que fora narrado, inclua a questão ou retifique a pergunta.
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