O aborto se refere à interrupção da gravidez, que pode ser espontâneo ou induzido. Hoje no Brasil o aborto induzido é crime contra a vida. O código penal de 1940 prevê pena de um a três anos para a gestante que provocar ou consentir que outra pessoa o provoque. Entretanto há três exceções em que o aborto pode ser realizado de forma legal: quando há estupro, risco de vida para mãe ou quando o feto for portador de anencefalia, assim o Ministério da Saúde estima que sejam feitos cerca de 1500 abortos legais por ano no Brasil.
No entanto, é grande o número de mulheres que não se encontram nessas situações e realizam abortos inseguros. Isso traz sérias consequências e complicações, o que promove um grave problema de saúde pública.
Certamente o debate no Brasil é intenso e longe de se chegar a uma concordância. Dentre os argumentos a favor do aborto, é possível destacar a autonomia da mulher sobre o seu próprio corpo, a gravidez não planejada e a baixa renda da população. Por outro lado, os argumentos contra o aborto sedimentam-se nas ideias de que o feto não pertence à mulher, que outros métodos contraceptivos podem ser utilizados e principalmente é o pensamento que existe uma alta taxa de arrependimento das mulheres que realizaram o aborto.
Relacionado a este último item, um estudo norte-americano envolvendo 670 mulheres que realizaram aborto dos Estados Unidos mostra que 95% delas não se arrependem da decisão. A conclusão chega após três anos de pesquisa, período durante o qual todas foram entrevistadas regularmente. A pesquisa, publicada na revista acadêmica multidisciplinar "Plos One", foi realizada por pesquisadores de dois departamentos da Universidade da Califórnia: o Centro Bixby Para Saúde Reprodutiva Global da Escola de Medicina e a divisão de Bioestatística. Do total de pessoas avaliadas, 40% justificaram a decisão com base em aspectos financeiros; 36% das mulheres disseram que "não era o momento certo"; 26% recordam que a escolha foi tomada facilmente ou muito facilmente; e 53% dizem que a decisão foi difícil ou muito difícil.
Os pesquisadores destacam que a amostra foi diversificada no que diz respeito a métricas como cor de pele, educação e emprego. Eles também procuraram mulheres com diferentes contextos de gestação. Segundo os autores, a grande maioria das mulheres que participaram do estudo sentiram que o aborto foi a decisão certa "tanto no curto prazo, como ao longo de três anos".
Esses resultados se contrapõem, de forma estatística, à alegação de que as mulheres que abortam necessariamente lamentam o ocorrido, como campanhas antiaborto afirmam. O estudo é cuidadoso ao evitar generalizar a conclusão. A publicação estabelece uma diferença entre ter emoções remanescentes após um aborto e lamentar o aborto completamente — dois aspectos distintos que costumam ser confundidos. De acordo com os pesquisadores, as reações melancólicas pós-aborto são normais, mas se afunilam, quase inevitavelmente, ao longo do tempo. "Certamente, vivenciar sentimento de culpa ou remorso no curto prazo, logo depois de um aborto, não é um problema de saúde mental; na verdade, essas emoções são uma parte normal de tomar uma decisão de vida que muitas mulheres neste estudo consideraram difícil ", diz a publicação. "Nossos resultados de declínio da intensidade emocional (...) mostram que esse sentimento fica estável e há melhora nos níveis de autoestima, satisfação com a vida, estresse, apoio social, uso de substâncias e sintomas de depressão e ansiedade ao longo do tempo pós-aborto".
Como podemos perceber há uma infinidade de argumentos e cada grupo demonstra seu ponto de vista embasado em ferramentas científicas. Assim afastamos as convicções pessoais e passamos a utilizar métodos científicos que apoiem e direcionem as ações e políticas públicas nos mais diversos campos em nossa sociedade.
1 - Nesse contexto, baseando-se em evidências científicas, argumente sobre seu ponto de vista a respeito da liberação do aborto no país.
2 - Qual ferramenta estatística ou teste de hipóteses (presente no material online de Bioestatística) você utilizaria em um estudo que embasasse a hipótese proposta a partir de sua opinião? Justifique sua resposta.
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1. A questão do aborto é bastante complexa, pois além de haver essa problemática da lei, há também as questões de nível emocional, cultural e religioso.
Muitas vezes a mulher que engravidou não deseja o filho, mas na grande maioria das vezes isso ocorre por medo de não conseguir dar o suporte necessário a uma criança.
Lógico que existem aqueles mulheres que optaram em não ter filhos e que por um descuido acabou acontecendo. Cada mulher tem a decisão em suas mãos, mas na minha opinião pessoal, antes de optar pela interrupção da gravidez é necessário pensar, refletir e reconhecer o verdadeiro sentimento.
Eu acho que é preciso legalizar o aborto a fim de garantir a sobrevivência das mulheres, sendo que muitas perdem a vida por não possuírem assistência médica necessária na hora de realizar o procedimento.
Mas também concordo que antes da futura mãe realizar um procedimento, que não tem volta e que poderá acarretar problemas psicológicos seríssimos, seria interessante uma ajuda dos profissionais da saúde mental para auxiliar na análise da opção escolhida, isto é, averiguar se o aborto é realmente uma escolha ou essa ação é medo de enfrentar a situação.
2. Eu acho que para poder analisar estatisticamente essa problemática, é preciso verificar as condições sócio econômicas das pessoas que optam pelo aborto, bem como analisar a saúde psicológica daqueles que já realizaram esse procedimento e também procurar saber, através de entrevistas o motivo que escolheram a realização do aborto.
Muitas vezes a mulher que engravidou não deseja o filho, mas na grande maioria das vezes isso ocorre por medo de não conseguir dar o suporte necessário a uma criança.
Lógico que existem aqueles mulheres que optaram em não ter filhos e que por um descuido acabou acontecendo. Cada mulher tem a decisão em suas mãos, mas na minha opinião pessoal, antes de optar pela interrupção da gravidez é necessário pensar, refletir e reconhecer o verdadeiro sentimento.
Eu acho que é preciso legalizar o aborto a fim de garantir a sobrevivência das mulheres, sendo que muitas perdem a vida por não possuírem assistência médica necessária na hora de realizar o procedimento.
Mas também concordo que antes da futura mãe realizar um procedimento, que não tem volta e que poderá acarretar problemas psicológicos seríssimos, seria interessante uma ajuda dos profissionais da saúde mental para auxiliar na análise da opção escolhida, isto é, averiguar se o aborto é realmente uma escolha ou essa ação é medo de enfrentar a situação.
2. Eu acho que para poder analisar estatisticamente essa problemática, é preciso verificar as condições sócio econômicas das pessoas que optam pelo aborto, bem como analisar a saúde psicológica daqueles que já realizaram esse procedimento e também procurar saber, através de entrevistas o motivo que escolheram a realização do aborto.
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