núcleo central do pensamento de Baruch Espinosa
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Espinosa foi um filósofo racional e revolucionário. Seu pensamento é imanentista, isto é, é possível compreender a totalidade do real por meio da razão. Para ele, a compreensão do todo não é um simples exercício intelectual: é um exercício de liberdade. E liberdade é o núcleo central do pensamento de Espinosa.
Seu ponto de partida é: se Deus é onipresente, não há como imaginá-lo fora do mundo. O divino faz parte de tudo o que existe no mundo natural. Não é, pois, transcendente, mas sim imanente. Na verdade, Ele é a própria Natureza, o conjunto de todos os seres, vivos ou não, o que inclui os humanos, suas mentes e seus corpos.
Trata-se, assim, de um pensamento monista e naturalista. Deus ou a Natureza, é uma substância única que tem atributos, qualidades essenciais, infinitas, que constituem o seu ser, dos quais nós, humanos, conhecemos dois: a extensão: que é a essência da concretude, da materialidade e o pensamento, que é a essência da compreensibilidade, da inteligibilidade.
Os atributos se manifestam por dois modos ou maneiras: em termos de ser humano, o atributo extensão se expressa por meio do corpo. Já nossa mente, nossa alma é um modo finito do atributo pensamento dessa mesma substância.
Tudo o que existe no mundo natural pode ser compreendido pela razão humana. Nada é misterioso, hermético ou oculto. Tudo aquilo que é escondido, reservado e envolto em enigmas e obscuridades, acaba servindo como um instrumento por meio do qual quem tem acesso a esses saberes pode exercer poder sobre quem não o tem.
Espinosa propõe a separação entre o Estado e a Igreja, a filosofia e o conhecimento revelado, a política e a religião. Mostra-se contra qualquer espécie de superstição, seja ela filosófica, política ou religiosa.
Espinosa distingue três espécies de conhecimento: o conhecimento sensível, que se caracteriza pela subjetividade e pela imaginação. É próprio dos indivíduos passivos.
O conhecimento racional que vê as coisas de modo abrangente. Com isso, elas passam a ser entendidas sem levar em conta as dimensões em que usualmente dividimos o tempo: passado, presente e futuro
O conhecimento intuitivo, ou intuição intelectual, o mais importante. Por meio dele, chegamos às ideias adequadas e alcançamos a condição de indivíduos ativos, que conhecem as ideias, suas causas e efeitos e suas ligações.
Espinosa faz uma distinção entre apetites e desejos. Os apetites são pulsões originalmente corporais, como a fome, a sede e as relacionadas à sexualidade. Os desejos correspondem à consciência dos apetites e são os apetites percebidos no plano consciente.
O desejo é a essência do ser humano. Não desejamos as coisas porque as consideramos boas: ao contrário, nós as consideramos boas porque as desejamos. Quando estamos alienados, os apetites são levados a extremos.
Na concepção de Espinosa, só atingimos a potência para agir mediante um esforço racional. É por meio da razão que as ideias se tornam claras e nos tornamos capazes de compreender nossas paixões, e, em conseqüência, podemos buscar a alegria e evitar as paixões tristes.
Liberdade não significa livrar-se de todo das paixões, o que seria impossível, mas aceitar apenas as paixões positivas, alegres, convenientes, e não ceder diante das paixões tristes. A liberdade está ligada ao conhecimento, pois este amplia nossa potência para agir. Liberdade de conhecimento implica liberdade de pensamento.
Espinosa assegura que a lei moral se refere a valores transcendentes, vindos “de cima”. Nela vigora a binaridade Bem e Mal, mandamentos e obediência.
Já na Ética, a proposta é, perceber a diferença qualitativa dos modos de existência: o bom e o mau. Espinosa dá à Ética um caráter relacional, não se expressa em termos de pode e não-pode, deve e não-deve.
Para Espinosa, há três espécies de homem: a) o das paixões tristes, ou emoções que nascem de ideias inadequadas, b) o que se aproveita dessas paixões para exercer poder, c) o que se comove com as paixões humanas, e tanto pode indignar-se como zombar delas.
No pensamento político de Espinosa se destacam: a) a Igreja deve estar subordinada ao Estado; b) a democracia é a “mais natural” das formas de governo; c) os súditos não devem abdicar de todos os seus direitos em benefício do soberano; d) a liberdade de opinião é fundamental.
Bons estudos!