Português, perguntado por thiagomaiczak, 1 ano atrás

Norma culta – E agora, para terminar, retomemos o nosso tema inicial que é o saber, a norma culta na democratização do ensino. O que vem a ser isso? Vem a ser o seguinte. O professor deve convencer-se de que uma língua histórica (português, francês, espanhol), não é uma realidade homogênea e unitária; ela está dividida em várias línguas, de acordo com as variedades regionais, as variedades sociais e as variedades estilísticas.

Cada variedade dessas tem uma tradição linguística e essa tradição é um modo correto, é uma maneira de correção da linguagem. Agora, todas essas variedades linguísticas confluem da língua exemplar, que é a língua de cultura. Então, a língua exemplar não é nem correta, nem incorreta, porque correto na língua é o que está de acordo com uma tradição. Se existe, por exemplo,uma tradição coloquial que diz “chegar em casa”, esse é o padrão de correção na língua coloquial. Agora, o “chegar à casa” já é uma eleição cultural, que é exclusiva da língua exemplar.

De modo que quando os consultórios gramaticais dos nossos jornais falam: isto está certo, isto está errado – na realidade, não é isso. Cada modo de dizer tem o seu padrão de correção; entretanto, todos esses padrões convergem, por eleição, a uma forma exemplar.
Essa forma exemplar é a forma que está na língua literária, quando o escritor sabe trabalhá-la artística, cultural e idiomaticamente.

Então, o que acontece? A democratização do ensino consiste em que o professor não acastele o seu aluno na língua culta, pensando que só a língua culta é a maneira que ele tem para se expressar;nem tampouco aquele professor populista que acha que a língua deve ser livre, e portanto, o aluno deve falar a língua gostosa e saborosa do povo, como dizia Manuel Bandeira. Não, o professor deve fazer com que o aluno aprenda o maior número de usos possíveis, e que o aluno saiba escolher e saiba eleger as formas exemplares para os momentos de maior necessidade, em que ele tenha que se expressar com responsabilidade cultural, social, política, artística, etc.

E isso fazendo, o professor transforma o aluno num poliglota dentro da sua própria língua. Como, de manhã, a pessoa abre o seu guarda-roupa para escolher a roupa adequada aos momentos sociais que ela vai enfrentar durante o dia, assim também, deve existir, na educação linguística, um guarda-roupa linguístico em que o aluno saiba escolher as modalidades adequadas a falar com gíria, a falar popularmente, a saber entender um colega que veio do Norte ou que veio do Sul, com os seus falares locais, e que saiba também, nos momentos solenes, usar essa língua exemplar, que é o patrimônio da nossa cultura e que é o grande baluarte que esta Academia defende.

Trecho final de conferência proferida em 04 jul.1991 pelo professor e filólogo Evanildo Bechara na Academia Brasileira de Letras.



Para Evanildo Bechara, democratizar a língua portuguesa seria, basicamente:

A-fazer com que os alunos se afeiçoassem cada vez mais à norma culta da língua, a chamada “língua exemplar”.

B-determinar como padrão do ensino os registros da linguagem coloquial, que emana do povo.

C-propiciar aos alunos o conhecimento mais amplo possível das diversas manifestações da língua, sem preconceitos.

D-deixar a cargo dos próprios estudantes a escolha do padrão linguístico único que deverão seguir ao longo da vida.

E-evitar que os estudantes venham, inadvertidamente, a se transformar em poliglotas dentro da própria língua.

Soluções para a tarefa

Respondido por Usuário anônimo
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Letras C - -propiciar aos alunos o conhecimento mais amplo possível das diversas manifestações da língua, sem preconceitos.

Evanildo Bechara é um filólogo que presa muito o ensino da língua portuguesa, mas ele deixa claro que a própria é cheia de ramificações e contextos, por isso, devemos nos tornar poliglotas na nossa própria língua. Remetendo-se aos contextos sociais apresentados.

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