No seio de uma sociedade primitiva que pelas qualidades étnicas e pelo influxo das santas missões malévolas compreendia melhor a vida pelo incompreendido dos milagres, o seu viver misterioso rodeou-o logo de não vulgar prestígio, agravando-lhe, talvez, o temperamento delirante. A pouco e pouco todo o domínio que, sem cálculo, derramava em torno parece haver refluído sobre si mesmo. Todas as conjecturas ou lendas que para logo o circundaram fizeram o ambiente propício ao germinar do próprio desvario. A sua insânia estava, ali, exteriorizada. Espelhavam-na a admiração intensa e o respeito absoluto que o tornaram em pouco tempo árbitro incondicional de todas as divergências ou brigas, conselheiro predileto em todas as decisões. A multidão poupara-lhe o indagar torturante acerca do próprio estado emotivo, o esforço dessas interrogativas angustiosas e dessa intuspecção delirante, entre os quais evolve a loucura nos cérebros abalados. Remodelava-o à sua imagem. Criava-o. Ampliava-lhe, desmesuradamente, a vida, lançando-lhe dentro os erros de dous mil anos.
Apesar da conotação histórica sobre o conflito de Canudos, a obra literária emprega recursos estilísticos como
a) a antítese em "indagar torturante".
b) o eufemismo em "vulgar prestígio".
c) a metáfora em "sociedade primitiva".
d) o paradoxo em "santas missões malévolas".
e) o pleonasmo em "árbitro incondicional de todas as divergências".
Soluções para a tarefa
Alternativa D é a correta.
No trecho "santas missões malévolas", há um paradoxo no emprego dos adjetivos santas e malévolas para se referir a um mesmo ser, no caso, as missões.
O que é santo não pode ser mau, e vice-versa.
Portanto, há uma contradição que revela o caráter ambíguo dessas missões, que ao mesmo tempo pretendia a salvação das pessoas (por isso, "santas"), mas também as prejudicava (por isso, "malévolas").
A obra literária emprega recursos estilísticos como:
D) o paradoxo em "santas missões malévolas".
As figuras de linguagem são recursos linguísticos empregados na estilística de textos, hoje em dia é bem menos comum, mas já foi muito importante para a literatura brasileira.
Atualmente o uso mais comum para as figuras de linguagem é em textos de jornais digitais ou em criticas pessoais na internet.
O paradoxo é um exemplo de figura de linguagem, aqui há o conflito entre dois contextos, palavras, ideias ou objetos diferentes, por exemplo, em "santas missões malévolas" ou em "ferida que dói e não se sente", ambas são paradoxos, pois um fato não pode existir com o outro.
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