no mundo contemporâneo que formas de exclusão social transcendem a as barreiras imposta pelo poder aquisitivo
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Nesse sentido, compreendendo a um só tempo a elaboração de novas
linguagens e a constituição de um meio de arte, a dinâmica artística dos anos 70 conforma
autêntico comprometimento existencial por parte de seus agentes. Daí o rigor e a
vitalidade dos trabalhos produzidos na época, que trafegam, por assim dizer, pela lacuna
estabelecida entre arte e realidade da arte num movimento em mão dupla, capaz de
definir trajetórias profissionais particulares e fundamentar a atual fisionomia de nosso
meio de arte. Reconhecemos nesse movimento a constituição de um forte contexto
produtivo que tem como objetivo incorporar os trabalhos artísticos a nossa vida cultural,
torná-los públicos, afinal. O que significa ser público em arte? Ponto nada pacífico, ele
permeia as ações da época, que buscam uma efetiva presença do trabalho de arte em
nosso ambiente cultural, ou seja, sua capacidade de circular com certa desenvoltura pela
sociedade de que emergiu. Em uma sociedade moderna tardia, tal processo envolve
instâncias responsáveis por repercutir socialmente a arte – mercado, crítica, história da
arte, acervos de museus.
Se a amplitude desse processo não se restringe a uma década redonda, para
fins da necessária e sempre difícil periodização, situamos a seleção de depoimentos no
intervalo correspondente à afirmação da indústria cultural entre nós − que coincide com o
período de vigência da ditadura militar. De Opinião 65 à Bienal de 1985, seguimos com os
depoimentos de Jean Boghici, Antonio Dias, Carlos Vergara; de uma mostra em que novas
linguagens visuais conhecem rara repercussão pública à euforia do período de abertura
política dos anos 80, quando nossa jovem produção artística ganha inédita visibilidade na
mídia, com depoimentos de Ricardo Basbaum, Nuno Ramos, Marcio Doctors e Thomas
Cohn. Enquanto nos anos 60 o grupo de artistas da chamada Nova Figuração se esforçava
para conquistar publicidade na revista O Cruzeiro, vinte anos depois, seus colegas da
chamada Geração 80 “ganhavam” publicidade ao ser absorvidos acriticamente por uma
mídia que reduzia sua produção ao “prazer de pintar”. Vale ressaltar que a visibilidade
desses distintos artistas não deve ser confundida com uma efetiva inscrição na realidade
cultural do país.
A realização dos 36 depoimentos de artistas, críticos e galeristas acompanhou
nossas trajetórias de formação acadêmica a partir da descoberta da revista Malasartes,
quando ainda éramos alunas do Programa de Pós-graduação da PUC-Rio. A ideia de
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