No famoso longa-metragem estadunidense As aventuras de Pi, a personagem principal, o rapaz Pi, se encontra preso num barco à deriva, acompanhado por um tigre. Nas filmagens, o ator contracenou com pontos de referência e o animal, modelado digitalmente em 3D, foi introduzido na pós-produção. Com base nessas informações, analise as afirmações abaixo sobre aplicação de técnicas de efeitos visuais e assinale a alternativa que apresenta a ordem correta de processos. 1. Modelagem do tigre de CGI com os movimentos de câmera virtuais 2. Filmagem com fundo de cor. 3. Criação automática dos mattes para a paisagem e para o tigre. 4. Rastreamento dos movimentos de câmera para replicação virtual. 5. Composição em layers da imagem final. Assinale a alternativa que representa corretamente a sequência: Escolha uma: a. 1 – 2 – 5 – 3 – 4. b. 2 – 4 – 5 – 3 – 1. c. 4 – 2 – 3 – 5 – 1. d. 2 – 4 – 1 – 3 – 5. e. 2 – 3 – 4 – 5 – 1.
Soluções para a tarefa
O primeiro filme da safra de verão, aquela que costuma trazer os principais candidatos ao Oscar, estreia nesta sexta-feira nos cinemas brasileiros. Dirigido por Ang Lee, As Aventuras de Pi é baseado no best-seller de Yann Martel, livro superpremiado e polêmico (por conta de suas semelhanças com Max e os Felinos, de Moacyr Scliar, sobre o qual você pode ler abaixo).
E, além disso, um livro tido como "infilmável".
Isso porque narra a fábula de um menino indiano que atravessa o Pacífico dividindo uma pequena embarcação com um tigre ao longo de mais de 200 dias, ao fim dos quais aporta no México. Vencedor do Oscar de direção com O Segredo de Brokeback Mountain, em 2006, Lee não apenas transformou a história em filme: usou seu talento de esteta (visto antes, por exemplo, em O Tigre e o Dragão) para recriá-la com imagens inesquecíveis que exploram o 3D como poucos filmes o fizeram - o nível aqui é o de Avatar e A Invenção de Hugo Cabret, e não muitos outros.
A estrutura narrativa é simples. As Aventuras de Pi começa com o protagonista, interpretado por Irrfan Khan, já adulto, contando a aventura a um escritor (Rafe Spall). São tantos os detalhes que boa parte do longa se passa à época de sua infância, quando Pi sofria bullying na escola devido ao seu nome, Piscine (o pai adorava o azul das águas e o batizou inspirado na Piscina Molitor, de Paris), e gastava seus dias no zoológico da família, na Índia.
Até então interpretado pelo ator-mirim Ayush Tandon, Pi só ganha o corpo do adolescente Suraj Sharma quando seus pais (Adil Hussain e a atriz indiana Tabu) resolvem mudar de vida, embarcando num navio rumo ao Ocidente. A embarcação não resiste a uma tempestade, e os únicos sobreviventes são Pi, uma hiena, uma zebra e um macaco - e um tigre, que inicialmente se escondera sob a lona do bote e cuja aparição, devido ao bom uso do 3D, deve resultar em sustos coletivos na sala de cinema.
O filme cresce quando o tigre devora os três animais, e a provação do menino realmente tem início. Mas há uma razão para que Ang Lee dedique tanto tempo à infância de Pi: fazendo valer sua reconhecida capacidade de aprofundar o perfil psicológico dos personagens (lembre Tempestade de Gelo e Desejo e Perigo), o cineasta de origem taiwanesa quer dar transcendência religiosa e existencial à jornada do menino. E é com a curiosidade típica das crianças que Pi se dedica a entender o sentido da vida, questionando os adultos sobre fé, razão e espiritualidade. O "milagre" da sobrevivência, indica Lee, só será possível pela experiência pregressa do protagonista.
Se há algo questionável em As Aventuras de Pi é a eficácia dessa premissa. O filme pode ser plasticamente deslumbrante, mas isso não significa que suas imagens correspondam à pretensão dramática. Talvez, para funcionar, a trama exija que o espectador tenha ele próprio a sua fé. Veja e tire a prova - o longa é bom a sessão vai valer a pena de qualquer jeito.
Scliar inspirou livro
Dez anos antes de virar filme, Life of Pi, título original de As Aventuras de Pi e também nome do livro com o qual Yann Martel ganhou o Booker Prize, entre outros prêmios, esteve no centro de uma polêmica. O escritor canadense disse ter criado a história a partir do argumento de Max e os Felinos, de Moacyr Scliar (1937 - 2011) - que garantia conhecer apenas por meio de uma resenha do New York Times.
Martel chegou a incluir um agradecimento a Scliar no prefácio de Life of Pi, o que não impediu acusações de que o teria plagiado. O autor gaúcho, por sua vez, foi diplomático: em texto publicado em Zero Hora de 9 de novembro de 2002, rechaçou a ideia de um processo jurídico dizendo desconhecer um "conceito estabelecido de plágio". Na mesma data, em entrevista a ZH, Yann Martel afirmou "sentir muito" pelo ocorrido, fez elogios a Scliar e reiterou que nunca lera Max e os Felinos.
Confira, abaixo, a íntegra do texto de Moacyr Scliar sobre o episódio e, na sequência, a entrevista que Yann Martel concedeu a ZH sobre a polêmica de 2002:
O conceito de plágio
Por Moacyr Scliar
(publicado em ZH de 9 de novembro de 2002)
Literatura é para mim escrever e desta forma estabelecer um vínculo afetivo e intelectual com pessoas. Todo o resto me parece secundário, incluindo as polêmicas literárias. Recentemente vi-me envolvido, a contragosto, numa discussão deste tipo, quando o escritor canadense Yann Martel venceu o Booker Prize desse ano com um livro (Life of Pi) baseado, segundo declarações do próprio autor, na mesma ideia que norteia meu livro Max e os Felinos. Existem aí duas questões:
1) Muitas pessoas me perguntam se vejo aí um plágio. Não tenho uma resposta para esta pergunta; eu precisaria recorrer a algum conceito de plágio estabelecido por pessoas ou instituições sérias, conceito este que, para dizer a verdade, não conheço: nunca precisei dele, porque nunca enfrentei esse problema;