no dia 30 de março de 2013, a coreia do norte declarou estar em estado de guerra. explique o que significa essa postura no plano geopolítico internacional.
Soluções para a tarefa
Resposta:A divisão da Coreia entre sul e norte é, de longe, o legado de maior expressão da Guerra Fria e da Ordem Mundial Bipolar. Marcadas pelas influências diretas de União Soviética e Estados Unidos, Coreia do Norte e Coreia do Sul mantinham relações diplomáticas muito pequenas e que, com as recentes decisões e posicionamentos do Norte, tornaram-se nulas.
Existem especulações de que a postura ofensiva da Coreia do Norte seria um “blefe”, uma manobra ousada para fazer com que o bloqueio econômico e as sanções internacionais impostas sobre o país diminuíssem ou acabassem.
O estopim para a elevação das tensões diplomáticas entre as duas coreias aconteceu a partir de 12 de Fevereiro de 2013, quando a Coreia do Norte realizou o terceiro teste nuclear de sua história, o primeiro em tempos recentes. Isso significa que o país abandonou a postura defensiva que vinha adotando nos últimos anos diante das exigências internacionais para que o país deixasse de produzir e armazenar armas e equipamentos nucleares.
A realização do teste não foi gratuita, trata-se de uma resposta do governo norte-coreano diante da ampliação das sanções comerciais impostas ao país pelo Conselho de Segurança da ONU e pelos bloqueios internacionais realizados pelos EUA a fim de dificultar a proliferação de armas nucleares no país.
Imediatamente após a confirmação da realização dos testes nucleares, a comunidade internacional condenou ferozmente o regime norte-coreano, sobretudo os EUA e a Coreia do Sul. Os sul-coreanos prometeram respostas duras e diretas aos vizinhos caso algum ataque direto fosse planejado e/ou executado.
Para entender: divisão e Guerra das Coreias e o Armistício de Panmunjon
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o território da Coreia – então sob a influência do Japão, derrotado ao lado dos países do Eixo – foi dividido a partir da influência dos Estados Unidos, ao Sul, e da URSS e China, ao norte. A ideia era a de que essa divisão fosse de caráter provisório e que a população dos dois países seria responsável pela decisão sobre a reunificação, o que nunca aconteceu por conta das tensões e conflitos em tempos de Guerra Fria.
Em 1950, eclodiu, então, a Guerra das Coreias (1950-1953), quando as tropas norte-coreanas atacaram o sul de surpresa, invadindo e ocupando a capital Seul. Os sul-coreanos responderam ao ataque com tropas enviadas pelo general Douglas McArthur, batalha na qual conseguiram a vitória e a desocupação do território invadido.
Com a ofensiva sul-coreana, a China interviu no combate, ajudando diretamente a Coreia do Norte. Em 27 de julho de 1953, foi assinado um armistício na cidade de Panmujon, divisa entre os dois países, em que foi acordado o cessar-fogo e o fim de uma guerra que deixou muitos mortos e nenhum vencedor. Dessa forma, ficou estabelecida a divisão das Coreias nos limites do 38º paralelo, conforme podemos observar no mapa abaixo:
Mapa da zona fronteiriça das Coreias
Coreia do Norte afirma considerar o armistício de Panmujon “completamente nulo”
No dia 11 de Março de 2013, o governo da Coreia do Norte, representado pela figura do ditador Kim Jong-Um, afirmou não reconhecer o armistício de Panmujon, que foi responsável por estabelecer o fim da Guerra das Coreias. A justificativa de Kim Jong-Um era a de que o país não poderia considerar o cessar-fogo por conta de exercícios militares realizados em conjunto entre as tropas sul-coreanas e as dos Estados Unidos.
A Coreia do Sul respondeu alegando que o tratado não poderia ser quebrado, pois, de acordo com o documento assinado pelas duas partes, o fim do cessar-fogo só poderia ocorrer em acordo de ambas as partes.
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Nesse momento, para os sul-coreanos, a possibilidade de uma guerra estaria descartada, porém a situação política entre os dois países se agravaria ainda mais nos dias posteriores.
30 de Março de 2013: Coreia do Norte declara estado de Guerra
No dia 30 de Março, a Coreia do Norte afirmou ter entrado em “Estado de Guerra” contra a Coreia do Sul e os Estados Unidos, considerando a possibilidade de um combate de grandes proporções contra os dois países.
Em resposta, a Coreia do Sul afirmou que autorizou o seu exército a responder duramente em caso de um ataque direto, aumentando, então, a possibilidade de uma nova guerra entre os países. Além disso, os EUA também mobilizaram tropas e um navio de guerra para a península coreana.
Nos dias seguintes, a Coreia do Norte recomendou que as embaixadas instaladas no país fornecessem planos de retirada a fim de facilitar a fuga na ocasião de uma guerra.