No caderno 1 do 7º ano, você conheceu alguns mitos gregos – histórias muito interessantes, escritas há muito tempo, e que continuam atraindo a atenção e encantando leitores de todas as idades. Leia, a seguir, uma versão do mito de Perséfone:
Hades aproveitou um dia em que Perséfone passeava sozinha. Quando ela se inclinou para aspirar o perfume de uma flor, a terra tremeu com grande estrondo. Uma falha se abriu bruscamente, e dela surgiu o deus do Inferno, num carro puxado por quatro cavalos negros. A jovem nem teve tempo de se recuperar do susto, porque ele a agarrou pela cintura e a levou consigo. O carro sumiu tão depressa quanto tinha aparecido, e a brecha se fechou atrás deles.
Os gritos desesperados de Perséfone foram ouvidos por sua mãe, Deméter. Ela acudiu, mas tarde demais. Nada assinalava a passagem do deus. Somente o ar agitado conservava o vestígio dessa aparição súbita, e as flores caídas atestavam silenciosas uma agitação recente.
Apavorada, a pobre mãe não sabia mais aonde ia. Errava pelo lugar, esquecendo seus deveres para com os homens. Normalmente, sua função de deusa da colheita, do trigo e de todas as plantas lhe impunha vigiar a produção agrícola. Na ausência de Deméter, o trigo se recusou a germinar, as plantas cessaram de crescer, e a terra inteira se tornou estéril. Então os deuses resolveram intervir.
O Sol, que tudo viu, revelou a Deméter onde estava sua filha. A princípio ela ficou aliviada por Perséfone estar viva, mas quando soube quem a detinha, exigiu que Zeus obtivesse sua libertação.
“Entendo sua dor de mãe”, o deus lhe respondeu. “Intercederei por você junto a Hades. Ele vai devolver sua filha, ou não me chamo Zeus!”
Mas Hades se negou a deixar a doce companheira partir. Deméter decidiu então abandonar suas funções. Pouco lhe importava como os deuses e os mortais viveriam sem ela. Ela também não podia viver sem a filha. Assumiu o aspecto de uma velhinha e se exilou voluntariamente na terra.
Iniciou-se então um período cruel para os homens. De novo o solo secou, e a fome ameaçou a espécie humana. Essa situação não podia mais persistir. Os deuses se reuniram no palácio de Zeus e concordaram em persuadir Hades a devolver Perséfone à mãe. Zeus tomou a palavra:
“Caro irmão, você é o soberano do reino subterrâneo. Como tal, age de acordo com a sua vontade, contanto que não se meta neste mundo. Ora, desde que você reteve Perséfone, sua mãe recusa alimento aos mortais. Pela mesma razão, os sacrifícios se fazem raros. Você não pode deixar essa situação se agravar. Devolva a moça!”
“Está bem!”, disse o deus esperto. “Mas antes preciso verificar se ela não comeu ou bebeu alguma coisa durante sua estada, senão ela não pode mais voltar à terra. É a lei.”
Interrogada, Perséfone respondeu com candura que tinha experimentado as sementes de uma romã. Hades exultou. Mas acabaram fazendo um trato: Deméter teve que aceitar que sua filha permanecesse três meses ao lado de Hades e subisse para ficar com ela o resto do ano.
Assim é que, durante três meses, a terra se entristece, junto com Deméter, pela ausência de Perséfone. E o inverno, e o solo se torna improdutivo. Logo que a moça volta, a vida renasce, e a natureza inteira festeja o encontro entre mãe e filha. Somente Hades acha demorada essa primavera que o separa de sua companheira.
POUZADOUX, Claude. Contos e lendas da mitologia grega.
Tradução de Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 28-29
Vocabulário:
Aspirar: cheirar; sentir o perfume de algo.
Errar: andar sem rumo, como se estivesse perdido(a).
Estéril: que não produz frutos; infértil.
Candura: pureza; inocência.
Agora, reconte a história desse rapto em 1ª pessoa, sob o ponto de vista de Perséfone, que participou diretamente dela e que foi a personagem principal. Inicie sua história assim:
“Em um dia lindo e muito agradável, eu estava passeando tranquilamente pelo campo. Vi uma linda flor e, quando abaixei para sentir seu delicioso perfume, levei um susto! O chão tremeu e tudo ficou escuro. Quando tudo clareou e pude olhar ao meu redor, estava num lugar totalmente diferente.”
Orientações
• Copie o trecho inicial para começar sua narrativa.
• Planeje sua narrativa, considerando o seguinte roteiro:
I. O que Perséfone sentiu e pensou quando percebeu que tinha sido raptada?
II. O que fez quando percebeu que estava no reino de Hades? Ela pensou em sua mãe? Teve medo? Quis voltar ou teve vontade de ficar ali naquele novo lugar?
III. Como foi o primeiro encontro e a primeira conversa entre ela e Hades?
IV. Como e por que ela comeu a romã?
Conte também como ela e Hades se entenderam e o que ela pensa sobre passar parte do ano com Hades e parte do ano com sua mãe.
Quando tiver terminado sua primeira versão, revise atentamente o texto, observando:
• a escrita das palavras e a pontuação das frases;
• a divisão do texto em parágrafos.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Em um dia lindo e muito agradável, eu estava passeando tranquilamente pelo campo. Vi uma linda flor
e, quando abaixei para sentir seu delicioso perfume, levei um susto! O chão tremeu e tudo ficou escuro.
Quando tudo clareou e pude olhar ao meu redor, estava num lugar totalmente diferente.
Os meus gritos desesperados,que foram ouvidos pela minha mãe,Deméter.Ela acudiu, mas tarde demais. Nada assinalava a passagem do deus. Somente o ar agitado conservava o vestígio dessa aparição súbita, e as flores caídas estavam silenciosas uma agitação recente.
Apavorada, a minha pobre mãe não sabia mais aonde ia. Errava pelo lugar, esquecendo seus deveres para com os homens.Normalmente, sua função de deusa da colheita, do trigo e de todas as plantas lhe impunha vigiar a produção agrícola.
sol, que tudo via, revelou para minha mãe onde eu estava.A princípio ela ficou aliviada por eu estar viva,mas quando soube quem a detinha, exigiu que Zeus obtivesse sua libertação.
“Entendo sua dor de mãe”, o deus lhe respondeu. “Intercederei por você junto a Hades. Ele vai devolver sua filha, ou não me chamo Zeus!”
Mas Hades se negou a deixar a doce companheira partir. Minha mãe decidiu então abandonar suas funções. Pouco lhe importava como os deuses e os mortais viveriam sem ela.Mas minha mãe não podia viver sem mim.Assumiu o aspecto de uma velhinha e se exilou voluntariamente na terra.
Iniciou-se então um período cruel para os homens. De novo o solo secou, e a fome ameaçou a espécie humana. Essa situação não podia mais persistir.
Os deuses se reuniram no palácio de Zeus e concordaram em persuadir Hades a devolver eu e à minha mãe. Zeus tomou a palavra:
“Caro irmão, você é o soberano do reino subterrâneo. Como tal, age de acordo com a sua vontade, contanto que não se meta neste mundo. Ora, desde que você reteve Perséfone, sua mãe recusa alimento aos mortais. Pela mesma razão, os sacrifícios se fazem raros. Você não pode deixar essa situação se agravar. Devolva a moça!”
“Está bem!”, disse o deus esperto. “Mas antes preciso verificar se ela não comeu ou bebeu alguma coisa durante sua estada, senão ela não pode mais voltar à terra. É a lei.”
Eu respondi que tinha experimentado as sementes de uma romã. Hades exultou. Mas acabaram fazendo um trato: Minha mãe teve que aceitar que eu permanecesse três meses ao lado de Hades e subisse para ficar com ela o resto do ano.
Assim é que, durante três meses, a terra se entristece, junto com Deméter, pela minha ausência. E o inverno, e o solo se torna improdutivo. Logo que eu volta, a vida renasce, e a natureza inteira festeja o encontro entre mãe e filha. Somente Hades acha demorada essa primavera que o separa de sua companheira.