No Brasil, há muitas narrativas populares de origens africana, indígena e também europeia. O conto a seguir é de origem europeia.
A madrasta
Havia um homem viúvo que tinha duas filhas pequenas, e casou-se pela segunda vez. A mulher era muito má para as meninas: mandava-as como escravas fazer todo o serviço e dava-lhes muito.
Perto de casa havia uma figueira que estava dando figos, e a madrasta mandava as enteadas botar sentido aos figos por causa dos passarinhos.
Ali passavam as crianças dias inteiros, espantando-os e cantando:
“Xô, xô, passarinho,
Aí não toques o biquinho,
Vai-te embora pro teu ninho...”
Quando acontecia aparecer qualquer figo picado, a madrasta castigava as meninas. Assim foram passando sempre maltratadas. Quando foi uma vez o pai das meninas fez uma viagem, e a mulher mandou-as enterrar vivas. Quando o homem chegou, a mulher lhe disse que as suas filhas tinham caído doentes e lhe tinham dado grande trabalho, e tomado muitas mezinhas, mas tinham morrido. O pai ficou muito desgostoso.
Aconteceu que nas covas das duas meninas, e dos cabelos delas, nasceu um capinzal muito verde e bonito, e quando dava vento, o capinzal dizia:
“Xô, xô, passarinho,
Aí não toques o biquinho,
Vai-te embora pro teu ninho...”
Andando o capineiro da casa a cortar capim para os cavalos, deu com aquele capinzal muito bonito, mas teve medo de o cortar, por ouvir aquelas palavras. Correndo, foi contar ao senhor.
O senhor não quis acreditar, e mandou-o cortar aquele mesmo capim, porque estava muito grande e verde. O negro foi cortar o capim, e quando meteu a foice, ouviu aquela voz sair debaixo da terra cantando:
“Capineiro de meu pai,
Não me cortes os cabelos;
Minha mãe me penteava,
Minha madrasta me enterrou
Pelo figo da figueira
Que o passarinho picou.”
O negro, que ouviu isto, correu para casa assombrado, e foi contar ao senhor, que o não quis acreditar, até que o negro instou tanto que ele mesmo veio, e mandando o negro meter a foice, também ouviu a cantiga do fundo da terra. Então mandou cavar naquele lugar e encontrou as duas filhas ainda vivas por milagre de Nossa Senhora, que era madrinha delas. Quando chegaram em casa acharam a mulher morta por castigo.
[Sergipe]
A madrasta. In: ROMERO, Sílvio. Contos populares do Brasil. São Paulo: Landy, 2008. p. 82-83.
GLOSSÁRIO
mezinhas: remédios caseiros.
capineiro: aquele que capina, isto é, remove as ervas daninhas de um terreno.
deu com: encontrou, viu, ficou à frente de.
instou: insistiu.
Sobre o tempo, pode-se afirmar que, nesse conto,
A
os fatos narrados duram poucos dias.
B
esses fatos ocorreram há pouco tempo.
C
não é possível saber se os fatos ocorrem no presente ou no passado.
D
os fatos ocorreram no passado, mas não é possível determinar exatamente quando.
E
os fatos narrados ocorrem no presente.
Soluções para a tarefa
Respondido por
7
Resposta:
alternativa D
Explicação:
pois contos sao historias contadas a mto tempo so n da para saber a data certinho
susanadecor616:
OBGGG
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