[...] Nem eu nem o August Water tínhamos soltado uma palavra, até que o Patrick disse:
— August, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
— Meus medos?
— É.
— Eu tenho medo de ser esquecido — disse ele de bate-pronto. — Tenho medo disso como um cego tem medo de escuro.
[...]
— Alguém, ahn, alguém gostaria de fazer algum comentário?
[...]
E, mesmo assim, só dessa vez, resolvi abrir o verbo. Levantei a mão, e o Patrick, a satisfação estampada na cara, disse:
— Hazel!
Eu estava, tenho certeza de que foi isso o que ele pensou, me abrindo. “Me tornando parte do grupo.”
Olhei na direção do August Water que me encarava. Dava quase para ver através dos olhos dele, de tão azuis.
— Vai chegar um dia — eu disse — em que todos vamos estar mortos. Todos nós. Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo. Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui — fiz um gesto abrangente — vai ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. Houve um tempo antes do surgimento da consciência nos organismos vivos, e vai haver outro depois. E se a inevitabilidade do esquecimento humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá. Deus sabe que é isso o que todo mundo faz.
[...]
Assim que terminei fez-se um longo silêncio, e eu pude ver um sorriso se abrindo de um canto ao outro no rosto do August — não o tipo de sorriso cafajeste do garoto tentando [...] encarar, mas um sorriso sincero, quase maior que a cara dele.
— Caramba! — disse ele baixinho. — Não é que você é mesmo demais?
Nós dois não falamos mais nada até o fim da reunião, quando todos se deram as mãos e o Patrick nos guiou em uma prece.
[...]
GREEN, John. A culpa é das estrelas. Disponível emr. Acesso em: 15 maio 2020
Em "A culpa é das estrelas", John Green narra o romance de dois adolescentes que se conhecem em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer. Gênero esse que apresenta, no trecho acima,
A)
o uso preferencial do discurso indireto.
(B)
uma narrativa em primeira pessoa, ou seja, é narrada por Hazel.
(C)
uma linguagem exclusivamente informal.
(D)
alguns recursos de linguagem, como ao tratar do silêncio prolongado após a fala de Hazel, algo que denota ideia de lugar.
eduardomichelle09120:
alguem pode me ajudar?
Soluções para a tarefa
Respondido por
8
Resposta:
LetraB
Explicação:
Hazel está narrando já que na linha 13 mostra que é a razel que está narrando a história
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