Português, perguntado por Patrycia143, 9 meses atrás

nas cantigas de amor qual é a relação que existe entre a dama e o poeta

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Respondido por KarolVc9
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As cantigas de amor situam-se no contexto da vida na corte, sendo uma produção mais intelectualizada, fruto de um amor quase sempre impossível de um trovador por uma senhora de classe social mais elevada – a castelã –, geralmente casada. É um amor submetido a regras - as regras do amor cortês - que o trovador precisava seguir para não despertar a sanha da senhora, ou para não fugir ao paradigma do gênero. Assim, era fundamental a discrição e moderação ao exprimir o sentimento amoroso; o amor oculto, preservando a identidade e o retrato físico da dama ou, quando muito, empregando o senhal, o pseudônimo poético; a coita, apresentando como possíveis soluções para a dor amorosa o morrer de amor ou o enlouquecimento, a perda total da razão. Tal como o amor à primeira vista da atualidade, era o ver que deflagrava o amor, o encantamento diante de tão divina dama, criada por Deus (Deus artifex). Cabia ao trovador a atitude de vassalo, lançando-se aos pés de sua amada
Respondido por natalia8323013
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As cantigas de amor situam-se no contexto da vida na corte, sendo uma produção mais intelectualizada, fruto de um amor quase sempre impossível de um trovador por uma senhora de classe social mais elevada – a castelã –, geralmente casada. É um amor submetido a regras - as regras do amor cortês - que o trovador precisava seguir para não despertar a sanha da senhora, ou para não fugir ao paradigma do gênero. Assim, era fundamental a discrição e moderação ao exprimir o sentimento amoroso; o amor oculto, preservando a identidade e o retrato físico da dama ou, quando muito, empregando o senhal, o pseudônimo poético; a coita, apresentando como possíveis soluções para a dor amorosa o morrer de amor ou o enlouquecimento, a perda total da razão. Tal como o amor à primeira vista da atualidade, era o ver que deflagrava o amor, o encantamento diante de tão divina dama, criada por Deus (Deus artifex). Cabia ao trovador a atitude de vassalo, lançando-se aos pés de sua amada. A cantiga de Pero Garcia Burgalês ilustra tal procedimento:

Ai eu coitad! E por que vi

a dona que por meu mal vi!

Ca Deus lo sabe, poila vi,

nunca já mais prazer ar vi;

ca de quantas donas eu vi,

tam bõa dona nunca vi.

 

Tam comprida de todo bem,

per boa fé, esto sei bem,

se Nostro Senhor me dê bem

dela! Que eu quero gram bem,

per boa fé, nom por meu bem!

Ca pero que lh’eu quero bem,

non sabe ca lhe quero bem.

 

Ca lho nego pola veer,

pero nona posso veer!

Mais Deus, que mi a fezo veer,

rogu’eu que mi a faça veer;

e se mi a non fazer veer.

sei bem que non posso veer

prazer nunca sem a veer.

 

Ca lhe quero melhor ca mim,

pero non o sabe per mim,

a que eu vi por mal de mi[m].

 

Nem outre já, mentr’ eu o sem

houver; mais s perder o sem,

dire[i]-o com mingua de sem;

 

Ca vedes que ouço dizer

que mingua de sem faz dizer

a home o que non quer dizer![

bom estudo


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