na música “Mulheres de Atenas“ do Chico Buarque no primeiro verso da música ele diz para seguirmos o exemplo das mulheres de Atena, quando ele canta isso ele expressa ironia ou tem Algum outro significado por trás deste verso?
Soluções para a tarefa
Explicação:
Uma das principais habilidades para um bom desempenho no ENEM é a interpretação de textos. Nesse exame, muitas questões são elaboradas para avaliar se o candidato é capaz de compreender um trecho em profundidade e, principalmente, relacioná-lo a outros conteúdos. Por isso, vamos ajudar você a exercitar essa capacidade . Vamos aproveitar a letra da música Mulheres de Atenas, de Chico Buarque, para entender as intenções do autor e criar um paralelo com os eventos históricos.
Quer saber o que realmente Chico Buarque quis dizer com essa música? Quer entender por que ele foi buscar referências lá nas verdadeiras mulheres de Atenas? Continue a leitura e descubra!
Mulheres de Atenas: o que Chico Buarque pretendia criticar
Em primeiro lugar, precisamos nos lembrar que Chico Buarque compôs a música Mulheres de Atenas no ano de 1976, durante o período do Regime Militar. Portanto, ele não tinha a liberdade de expressão que temos hoje.
Por isso, nem ele nem outros artistas daquela época expressavam suas críticas ou opiniões abertamente, em público. Muitos deles usavam metáforas para falar do que não concordavam, fosse na sociedade ou no governo do país.
Portanto, embora em toda a música o autor conclame as pessoas a imitarem o exemplo das mulheres de Atenas, ele etá na verdade fazendo uma crítica. Ele está mostrando que, naquele momento, vivíamos em uma sociedade patriarcal em que a mulher não tinha voz nem direitos, onde seus desejos eram anulados.
Veja alguns trechos e as ideias que eles transmitem:
submissão: vivem para os seus maridos, se perfumam, se banham com leite e se arrumam; quando fustigadas não choram: se ajoelham, pedem e imploram; não têm gosto ou vontade, defeitos ou qualidades (despersonalização); têm medo, apenas; não têm sonhos, só tem presságios;
supremacia masculina: os maridos são chamados de “orgulho e raça”, “poder e força”, “bravos guerreiros”, “heróis e amantes” de Atenas;
atuação exclusivamente doméstica: quando eles embarcam, soldados, elas tecem longos bordados (inclui a noção de futilidade, já que bordado é um “enfeite”);
servidão sexual: guardam-se para seus maridos, ficam em quarentena quando eles embarcam, estão à disposição quando retornam, suportam traições;
procriam para alimentar a guerra: geram para seus maridos os novos filhos de Atenas;
sofrem perdas devido à guerra: temem por seus maridos, jovens viúvas marcadas, gestantes abandonadas, vivem o luto, se conformam e se recolhem às suas novenas;
Portanto, de forma até irônica, Chico Buarque se refere à sociedade patriarcal. Ele canta o exemplo das mulheres de Atenas mas, na verdade, está criticando um mundo em que não existe direitos iguais para pessoas de gêneros diferentes.
Porém, essa é a crítica feita no primeiro plano. Em segundo plano, temos uma ainda mais forte. Esse homem poderoso e autoritário representa também o Estado, a ditadura militar.
Veja que ele não fala para as mulheres se inspirarem nas mulheres de Atenas. O convite dele é para todos, não existe um único destinatário.
O que ele diz, com isso, é que a ditadura impunha a todos os brasileiros uma situação semelhante às das atenienses. Os cidadãos eram maltratados e não tinham o direito de chorar, não tinham gosto ou vontades. Seus sonhos haviam dado lugar aos presságios. Como canta na música, “tinham medo, apenas”.
E não é só isso: assim como a guerra, a ditadura levava maridos que lutavam pela liberdade, e que nunca mais retornavam. Quantas mulheres, nesse período, viram seus filhos serem