MUNDO DOS FENOMENOS PLATAO AJUDA PFV
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A FILOSOFIA DE PLATÃO
Como o ser humano obtém, pela primeira vez, o conhecimento e como pode identificá-lo se não sabemos o que é?
Platão aborda essa questão por meio do dualismo. Segundo ele, existem dois mundos:
– O mundo das formas ou ideias (inteligível): Platão diz que a alma traz consigo desde o seu nascimento um conhecimento prévio, a priori, que lhe permite a identificação do objeto – o chamado conhecimento inato. Tais conhecimentos são as ideias ou formas, que residem no mundo inteligível, fora do tempo e do espaço. Os objetos do mundo comum organizam suas estruturas conforme essas ideias ou formas primordiais, mas não são capazes de revelá-las em sua plenitude, sendo apenas imitações imperfeitas.
– O mundo concreto e sensível: trata-se de um mundo acessível pelos sentidos ou material. É o mundo que conhecemos pelo olfato, paladar, audição, visão e tato. A opinião (doxa), fundamentada nas sensações, tem uma “falsa consciência” de si mesma, julgando-se correta. Esse mundo, em Platão, é um engano, um falseamento.
Segundo Platão, atingir o conhecimento implica converter o sensível ao inteligível – ou seja, despertar, reviver e relembrar esse conhecimento esquecido. Dessa forma, a alma se liberta das aparências para se abrir ao conhecimento das ideias verdadeiras.
Para isso, Platão recorre à dialética, essencialmente dialógica. É por isso que escreveu em forma de diálogo, gênero que consagrou – em seus livros não há a exposição sistemática de uma filosofia, mas conversas entre Sócrates e seus amigos sobre justiça, amor, virtude etc. Para Platão, o diálogo é a melhor maneira de buscar a verdade e o único meio de chegarmos ao consenso, estabelecendo o que se diz e por que se diz.
Para clarificar esse pensamento, Platão expõe em A República o mito da caverna. A alegoria começa com algumas pessoas no interior de uma caverna, acorrentadas no pescoço e nos pés desde a infância. Elas não conseguem ver a saída da caverna, apenas sombras de figuras humanas que estão do lado de fora, projetadas por uma fogueira de maneira que ficam gigantes e estranhas. Como essas pessoas vivem na caverna desde que nasceram, acham que as sombras são a única coisa que existe. Nada sabem sobre a luz, sobre a fogueira ou sobre o que há fora da caverna.
Porém, em determinado momento, um habitante da caverna se livra das correntes. Nesse instante, começa a indagar de onde vêm as sombras e, assim, sai da caverna. A luz do sol, de início, ofusca seus olhos e o assusta. Em seguida, seus olhos se adequam à luz do sol, e ele vê o mundo, colorido e bonito, e percebe que as sombras da caverna são apenas imitação barata do verdadeiro mundo. Feliz, o homem, lamentando a sorte de seus companheiros presos, volta à caverna e conta o que viu. Os habitantes da caverna não acreditam nele, dizem que tudo o que existe são as sombras, e, por fim, o matam.
A caverna é uma alegoria ao modo que os homens permanecem antes da filosofia, tal como sua subida ao mundo superior. O homem comum, prisioneiro de hábitos, preconceitos, costumes e práticas que adquiriu desde a infância, é um homem que está na caverna, e só consegue enxergar as coisas de maneira parcial, limitada, incompleta e distorcida, como “sombras”. Na caverna, só veriam as sombras, ou seja, estariam presos nas correntes da ignorância, não entendendo o mundo em que vivem.
A caverna representa, portanto, o domínio da opinião (doxos). A partir da filosofia, o homem buscaria compreender o mundo, se libertaria das correntes e sairia da escuridão da caverna, tomando contato com a luz do sol, que é a representação da verdade do mundo das Ideias.
Por que o homem iria querer sair das sombras, sendo que tal processo é doloroso? No diálogo Fedro, Platão nos lembra que há, na alma humana, um conflito entre a força do hábito, que faz com que o prisioneiro se sinta confortável em sua situação familiar, e a força do eros, quer dizer, a curiosidade, o impulso, que o estimula para fora, para buscar algo além de si mesmo.
Platão também formulou ideias no campo político, apontando como forma ideal um governo conduzido e dominado por filósofos – os mais sábios deveriam governar. No Estado ideal, todas as pessoas, ricas ou pobres, filhos de militares, trabalhadores ou governantes, homens ou mulheres, deveriam estudar desde crianças e fazer diversos testes. Aquelas que fossem deixadas para trás no teste, iam sendo agricultores, comerciantes, militares, e assim por diante. Os homens que passassem em todos os testes, aos 50 anos, estariam prontos para governar, automaticamente, sem nenhuma eleição.