ME AJUDEMMM Escreva um conto de suspense
Soluções para a tarefa
“Papai?”, perguntou a menina que avançava com dificuldade na neve que subia até os joelhos, segurando o ursinho de pelúcia numa das mãos, e a mão do pai na outra.
“Sim?”, respondeu o pai por baixo da grossa balaclava de lã que cobria seu rosto, quase gritando para vencer o ruído ensurdecedor da nevasca.
“O titio vai ficar bem?”
Era uma pergunta difícil. Lucas apertou a mãozinha da filha, e mesmo através das luvas grossas, sentiu na mão da menina o mesmo tremor irregular da sua voz. O tremor, ele conhecia a filha afinal, não era do frio, mas de uma preocupação mais profunda, uma desconfiança ou prenúncio do que estava por vir.
“Quantas vezes o seu tio já ficou doente? Você lembra?”
A menina franziu o cenho. Dava pra ver a touquinha mexendo.
“Muitas.”
“E ele sempre fica bom outra vez, não é?”
“Acho que sim…”.
O pai fez um cafuné na menina e eles seguiram em silêncio, seu destino logo à frente. Quando chegaram ao bunker enterrado na neve, a menina correu até a porta de metal.
“Posso fazer a batida, papai?”
“Ainda lembra a sequência toda?”
“Sim! Três rápidas, duas rápidas e três lentas”, recitou a menina como se fosse a tabuada.
“Está bem, vai lá.”
“Oba!”
As batidas da menina ecoaram no interior do bunker. O breve momento de silêncio que veio a seguir foi quebrado por um estrondo lá dentro. Um tiro talvez, seguido por uma cacofonia de latas caindo e vidros quebrando. Lucas afastou a menina da porta, postando-se na frente dela. Olhando para a menina por sobre o ombro, levou um dedo sobre os lábios. Ela confirmou com a cabeça.
Os sistemas do bunker tinham parado de funcionar muito antes da energia chegar ao fim. As travas já não funcionavam e a única coisa que impedia invasores era uma barricada improvisada pelo lado de dentro. Lucas forçou a porta, que deslizou sem muita resistência. Por entre os móveis velhos que bloqueavam o caminho, Lucas chamou pelo irmão.
“Guilherme? Está tudo bem?”
O lugar emitia um silêncio incômodo, como as florestas de antigamente, quando já não havia pássaros nem insetos.
Começou a remover o bloqueio, tábua por tábua, cadeira por cadeira. Ana ajudava colocando os itens mais leves alinhados sobre a neve a alguns metros da porta do bunker. Talvez precisassem deles mais tarde.
Lucas se ajoelhou de frente para a menina, e com as duas mãos nos ombros da garotinha, disse olhando nos olhos:
“Você espera aqui fora, tá bem, docinho? Não vou demorar.”
“Mas está frio aqui fora”, respondeu a menina com cara de choro. “Eu quero ver o titio Gui.”
Chegou lá fora e não encontrou ninguém.
Só restaram o ursinho de pelúcia e um longo rastro na neve.
A criatura, ainda em chamas, estava chegando. Da cintura, Lucas tirou uma granada.
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“Queri…”. Um vapor inútil escapou da boca de Lucas, as gotículas congelando imediatamente em contato com o metal gelado. Dez centímetros de barba pouco ajudavam quando a questão era mantê-lo aquecido. Esfregou o rosto com as luvas grossas, preparando-se para uma segunda tentativa.
Algo caiu lá dentro, uma lata talvez, seguindo por um choro abafado. Num segundo, ele agarrou o trinco com força e começou a girar.
Hesitou.
“Você não sabe o que tem aí. Não pode se descuidar desse jeito” disse a esposa, pousando uma mão no seu ombro. “Não foi isso que você me ensinou? A agir de cabeça fria?”
Nada.
“Não!” gritou entre os dentes. “Eu não posso! Eu prometi cuidar dela.”
Três batidas, então duas, então três. Não ia desistir agora.
“Pode ser uma armadilha. Cuidado.”
“Papai?