ME AJUDEM PRA AMANHÃ - Resumo do livro " O ponto de mutação "
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O Ponto de Mutação é um livro de Fritjof Capra publicado em 1983. No livro, o autor compara as semelhanças entre os conceitos da filosofia oriental – em especial, a chinesa – com as recentes descobertas da física ocidental. Essa semelhança põe “em cheque” o paradigma cartesiano evolucionista que o mundo ocidental vivenciou nos últimos 300 anos, a partir da revolução industrial. Para Capra, assim como para a filosofia oriental, não é possível separar um problema e resolvê-lo metodicamente, como é feito na medicina ocidental, por exemplo – que é reflexo do modelo cartesiano de análise empírica. Todo problema deve ser encarado como parte de um todo interligado e para resolvê-lo é preciso analisar todas as variáveis desse todo. Capra analisa esse cenário em vários campos das ciências humanas e exatas, como a psicologia, a economia, a matemática e a medicina.
As descobertas dos pesquisadores que trabalharam no projeto Manhattan – o da Bomba Atômica americana – Einstein e Heisenberg, corroboram com a visão de mundo oriental. E qual seria essa visão de mundo? A imagem que melhor expressa essa relação é a do Yin-Yang, sendo o Yang, o princípio ativo, diurno, luminoso, quente e na concepção ocidental, associado ao masculino e Yin o princípio passivo, noturno, escuro, frio, no ocidental, associado ao feminino. Capra defende no livro que o modelo cartesiano – que definia o mundo como um relógio – se vale apenas da parte Yang e esse desequilíbrio provoca reações negativas em todo o planeta. No modelo cartesiano, cientificista, o homem é um observador passivo diante de seu objeto. Não interfere no fenômeno que está ocorrendo. Isso é um modo de separar o objeto do observador, algo que não pode ocorrer no pensamento filosófico chinês. Cada Yin contém sua parte Yang, e vice-versa, e o conjunto final é um todo interligado. Que descobertas corroboram com esse pensamento?
Em meados da década de 30 os físicos Werner Heisenberg e Albert Einstein trabalhavam o estudo dos átomos – daí deriva o nome da bomba A. Nesse tempo Heisenberg desenvolveu sua teoria conhecida como “Princípio da incerteza”, que rompe com todos os paradigmas cartesianos. Anos depois Heisenberg afirmaria que quando estudaram o universo atômico quase chegaram ao desespero, pois as leis de Descartes e Newton não serviam para nada nesse universo. O que ele descobriu? Que os elétrons formam uma cadeia interligada universalmente e que o “observador” interfere na posição, por exemplo, do elétron. Isso evidencia que, quando se fala em mecânica quântica, não se pode dissociar a mente do observador do objeto observado, algo que poderia ter sido aprendido pelos mecanicistas lá nos escritos antigos do I-Ching chinês. Apesar disso, Capra não despreza os conceitos clássicos da física, pelo contrário, estima-os e aponta que foram úteis até certo ponto, mas que foram transcendidos pelos conceitos da física moderna, algo que deveria ter ocorrido em todas as áreas do conhecimento humano.
Na psicologia, por exemplo, Capra aponta que até mesmo o adiantado método Freudiano é antiquado quando se quer tratar algumas doenças. Pois ele também exclui vários fatores da análise – exemplo da física, relação entre observador (terapeuta) e o objeto (paciente) – algo decorrente também do modelo cartesiano. Aponta falhas como esta em outros campos como a economia e a medicina.
Por fim, Capra defende que estamos em uma fase de transição. Estamos partindo de uma consciência individual (Yang) para uma consciência mais coletiva (yin) – mas equilibrada. Prova disso é os movimentos pela sustentabilidade no planeta que tem crescido gradativamente ao longo das últimas décadas. O Ponto de Mutação é daqueles livros que exigem duas ou três leituras complementares, para que se possa fixar a quantidade de informações contidas nessa obra. Porém é inegável o enriquecimento cultural que este livro proporciona. Deveria ser leitura obrigatória em todos os cursos acadêmicos. Apesar de escrito na década de 80, continua extremamente relevante – talvez até mais relevante do que na época em que foi lançado. Quanto ao autor, sua contribuição é indiscutível. É comparável a Freud e a Marx, visto que muitas de suas projeções expostas nesse livro de 30 anos atrás estão acontecendo.