ENEM, perguntado por winchestter20, 1 ano atrás

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1- As primeiras manifestações poéticas da literatura em Portugal receberam o nome de “cantigas”. Sabe-se que elas eram de duas espécies: lírico-amorosas e satíricas. Como cada espécie foi dividida? Estabeleça a distinção entre elas.

2- Reconheça as cantigas a seguir, escrevendo nas lacunas: CAA (cantiga de amor), CAM (cantiga de amigo) ou CEM (cantiga de escárnio e maldizer);

( ) “Ai senhor fremosa! Por Deus / e por quam boa voz El fez, / doedevos algüa vez / de mim e destes olhos meus / que vos virom por mal de si, / quando vos virom, e por mi” (D. Dinis).

( ) “- Amiga, faço-me maravilhada / como pode meu amigo viver / u os meus olhos nom pode ver / ou como pod’ alá fazer tardada; / ca nunca tam gram maravilha vi; / poder meu amigo viver sem mi; / e, par Deus, é cousa mui desguisada” (D. Dinis).

( ) “Foi um dia Lopo jograr / a casa duü infançon cantar, / e mandou-lhe ele por don dar / três couces na garganta / e foi-lhe escasso, a meu cuidar, / segundo como el canta” (Martin Soarez).

( ) “A dona que eu am’e tenho por Senhor / amostrade-me-a Deus, se vos em prazer for, se non dade-me a morte” (Bernal de Bonaval).

3- Traduza as estrofes a seguir. Atenção: a tradução solicitada deve preservar o sentido do poema e não se ater, necessariamente, ao significado das palavras tomadas isoladamente.

“Que soydade de mha senhor ey, / quando me nembra d’ela qual a vi / e que me nembra que ben a ou / falar, e, por quanto ben d’ela sey, / rogu’eu a Deus, que end’ á o poder, / que mh-a leixe, se lhi prouguer, veer
Cedo, ca, pero mi nunca fez ben, / se a non vir, nom me posso guardar / d’enssandecer ou morrer con pesar, / e, por que ela tod’ em poder ten, / rogu’eu a Deus, que end’ á o poder, / que mh-a leixe, se lhi prouguer, veer
[...] Cedo, ca tal a quis[o] Deus fazer / que, se a non vyr, nono posso viver” (D. Dinis).

4- Quais tipos de textos narrativos desenvolveram-se ao longo da Idade Média em Portugal? Qual a importância dos conventos para esse quadro?

5- Como os elementos cristãos e pagãos conviviam nas narrativas de fundo mítico?

Soluções para a tarefa

Respondido por giovannazirondi
4
Olá,

Questão 01. 
As cantigas do período literário português, compreendido como Trovadorismo, são classificadas em duas espécies: as cantigas lírico-amorosas e as satíricas. Sendo que cada uma possui duas diferentes vertentes.

Nas cantigas líricas-amorosas, temos as Cantigas de Amor, com eu-lírico masculino, declamando acerca de um amor distante, idealizado. O eu-lírico é sempre posto como um fiel servo, enquanto a amada pertence à corte e nobreza (o principal motivo da impossibilidade deste amor).

Ainda nas Cantigas Lírica-Amorosas, temos as Cantigas de Amigo, sempre entoado por um eu-lírico feminino (embora, muitas dessas cantigas tenham sido escrita por homens), que lamenta a saudade da ausência de seu amigo (entenda-se por "amigo" como amado ou namorado, uma vez que naquela época o termo era utilizado para representar um vínculo amoroso entre homem e mulher). Há a presença de elementos da natureza, e muitas vezes ocorre um diálogo do eu-lírico com tais elementos. Comumente encontra-se nesta cantiga, além da tristeza pela saudade de seu amado, a alegria pelo próximo reencontro ou mesmo o lamento de sua partida à guerra.

Já nas Cantigas Satíricas, temos as Cantigas de Escárnio e as de Maldizer. Ambas tem característica de satirizar e ridicularizar alguma pessoa, todavia, na de Escárnio, encontramos uma sátira mais sutil, com uso de ambiguidades e indiretas. Ao passo que nas Cantigas de Maldizer, as sátiras eram bastante provocativas e diretas, recorrendo muitas vezes ao uso de palavrões e até mesmo de revelações do nome da pessoa a ser ridicularizada.

Questão 02. 
1ª Cantiga.  Em "Ai senhor fremosa! Por Deus / e por quam boa voz El fez" vemos um eu-lírico masculino, exaltando a beleza de sua amada. Trata-se de uma Cantiga de Amor.
2ª Cantiga. Em "como pode meu amigo viver / u os meus olhos nom pode ver" vemos um eu-lírico feminino queixando-se de não poder ver, estar ao lado de seu amigo. Logo, trata-se de uma Cantiga de Amigo.
3ª Cantiga. Em "
Foi um dia Lopo jograr / a casa duü infançon cantar" vemos uma referência direta à pessoa chamada Lopo, satirizando e zombando de suas atitudes. Trata-se de uma Cantiga Satírica de Maldizer.
4ª Cantiga. Em 
"A dona que eu am’e tenho por Senhor" vemos um eu-lírico masculino cantando acerca de seu amor pela sua amada. Trata-se de uma Cantiga de Amor.

Questão 03.
"Que saudade da minha senhor tenho,
quando me lembro de como a vi
e que me lembro de como bem a ouvi
falar, e, por quanto bem de ela sei
rogo a Deus para que isso tem o poder
que me deixe, se assim aprovar, ver

Cedo, porque para mim nunca fez bem,
se não a vir, não me posso guardar
de enlouquecer ou morrer com pesar,
e por que ela todo o poder disso tem,
rogo a Deus, que para isso tem o poder,
que me deixe, se assim aprovar, ver

(...)

Cedo, porque tal como Deus a quis fazer
que, se não a vir, não posso viver."

Questão 04.
A literatura portuguesa, na Idade Média, pode ser dividida em duas fases. Inicialmente, temos o Trovadorismo, que inicia-se com a publicação da Canção da Ribeirinha, em 1189 e vai até 1434, com a nomeação de Fernão Lopes. Num caráter literário, temos as Poesias Líricas e as Satíricas, além de Cronicões, Hagiografias, Novelas de Cavalaria e Nobiliários.

Já a Segunda Fase, temos com o Humanismo, num período de 1434 até 1527, tratando-se de uma época de transição entre a cultura medieval para a clássica. Neste período, temos  a Poesia Palaciana, bem como Fernão Lopes como principal representante da Prosa Humanista e Gil Vicente no teatro.

Os conventos tiveram grande importância nessa época, pois o tema religioso é o principal componente que caracteriza tal literatura, assim, em tais conventos, os monges e integrantes do alto clero (como papa, arcebispos e bispos) se dedicavam a realizar a escrita destes textos, uma vez que a maioria da população não era alfabetizada.
 
Questão 05.
No período medieval, a igreja exercia uma abrangente influência sobre o povo, deste modo, os autores escreviam suas obras pautados em suas crenças, procurando destacar em seus escritos passagens bíblicas. De tal maneira, discorriam acerca de histórias sobre os santos e diziam sobre a existência de Deus. Havia um grande conflito religioso com a narrativa pagã, todavia, o poderio da igreja era abrangente o suficiente para que predominasse as narrativas cristãs.

Bons estudos!

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