Português, perguntado por aleatorio1233456789z, 4 meses atrás

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Respondido por kathleenjamilly22
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Resposta: FRUTO MALDITO

O Sol de verão descortinava a madrugada que aos poucos desfalecia em sua penumbra e o dia ganhava cores. Revoada de pássaros, com cantos distintos, orquestrava melodiosamente a sinfonia da natureza exuberante. No interior da mata, uma névoa começava a se dissipar e a luminosidade entrava entre as folhas dos cacaueiros, que agradeciam o calor do astro-rei.  Era uma pequena plantação de cacau que, anos após laborioso e incansável trabalho, dera sua primeira safra.

Tamanha façanha rural fora praticada por dois sertanejos que fugiram da desdita de mais uma seca inclemente, a qual sempre fustiga terras interioranas do Nordeste brasileiro. Pedro Ambrósio da Silva e José Custódio de Jesus haviam se conhecido na estação de trem de Água Preta, há alguns anos, e, em consórcio, decidiram enfrentar as intempéries da hileia atlântica em busca de um destino melhor. Pedro Ambrósio era um homem de estatura média e olhos azuis profundos. Tinha a tez branca e o rosto marcado pela ação do tempo e pela grande exposição ao inclemente Sol da caatinga. Era ambicioso e acostumado às dificuldades de um meio hostil e agreste. Já José Custódio de Jesus tinha um ímpeto mais afetuoso e era moreno, forte e alto, com mãos grandes e calejadas pelo labor em terras alheias, na qualidade de cortador temporário de cana-de-açúcar na zona da mata nordestina, local de grande absorção sazonal da mão-de-obra sertaneja.

Juntos, adentraram no interior da mata fechada, atingindo um pequeno vale fértil esculpido pelo sulco do Ribeirão da Areia, tributário do Rio Almada. Neste local, tomaram posse de uma área diminuta, não obstante muito propícia ao cultivo do fruto amazônico. Logo de início, sofreram ameaças de alguns posseiros próximos, que reclamaram as terras como suas, mas, como todos os sertanejos, eram destemidos e corajosos, e não esmoreceram na árdua e longa tarefa de plantar cacau nas matas virgens do Sul da Bahia.

A primeira safra já fora colhida e uma parte restante secava em uma improvisada barcaça, que exalava um cheiro agridoce das amêndoas quase secas. Possivelmente em dois ou três dias, com a ajuda do tórrido calor do Sol, estariam prontas para ser ensacadas.  Pela quantidade de caixas colhidas, dariam aproximadamente umas quinhentas arrobas que, vendidas ao preço que vigorava nas casas exportadoras, somariam para eles quase que uma fortuna, tendo em vista o passado miserável que viveram no sertão nordestino.

Após alguns dias, José Custódio foi a Água Preta para negociar o cacau em uma casa comercial suíça, que pagava melhor preço que as outras, e de lá trouxera sacos de linhagem suficientes para transportar toda a safra. Acertara também com um tropeiro, que conduziria as mulas, para levarem o cacau até o armazém ferroviário da casa compradora no distrito de Rio do Braço. Retornando à roça, comentava com seu sócio toda a viagem em mínimos detalhes:

–  Os gringos gostaram da amostra do cacau e pagaram melhor! O cacau vai dar uma dinheirama, compadre! Vamos ficar ricos!

         No que de imediato Pedro Ambrósio retrucou:

– Amanhã, deixe que eu leve o cacau com o tropeiro. Existe um caminho mais seguro por dentro da fazenda do Coronel Minervino Catalão. Conheço os seus jagunços e peço pra eles me seguirem até a Estação de Rio do Braço e de lá arribo no trem até Água Preta, junto com nosso tesouro.

A noite já estava se anunciando quando os dois foram respectivamente para seus pobres casebres de pau-a-pique cobertos com palhas de palmeiras nativas. José Custódio pensava no dia em que chegou a Ilhéus e lá fora informado que aventureiros estavam desbravando as derradeiras terras devolutas ainda existentes no vale do Rio Almada.

A noite já estava se anunciando quando os dois foram respectivamente para seus pobres casebres de pau-a-pique cobertos com palhas de palmeiras nativas. José Custódio pensava no dia em que chegou a Ilhéus e lá fora informado que aventureiros estavam desbravando as derradeiras terras devolutas ainda existentes no vale do Rio Almada.

Em outro casebre, Pedro Ambrósio, bem mais ambicioso que seu parceiro, sonhava com uma mula forte e bonita, equipada com sela de couro talhado com arreios adornados de prata. Imaginava entrando no arruado de Água Preta e sendo cumprimentado por outros fazendeiros e não mais pelos humildes trabalhadores rurais.

Em um devaneio que parecia pura realidade, via-se descendo da mula e pisando forte com sua bota lustrosa de esporas caras sobre o precário calçamento de pedras. Deixaria o anonimato e se tornaria uma figura respeitada e admirada pela nova condição social. Poderia agora botar mulher por conta na rua para cair nos braços da ternura feminina, quando se cansasse do exílio na roça. Compraria em Ilhéus um terno de linho branco e um chapéu como os que eram usados pelos os coronéis ricos da cidade. Aumentaria a área plantada de cacau, ganharia mais dinheiro, e no futuro, quem sabe, seria um próprio coronel poderoso e respeitado.


aleatorio1233456789z: muito obrigada
kathleenjamilly22: DE NADA
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