Manifesto
Aos operários da construção civil: Companheiros,
Que Deus e Vargas estejam convosco. A mim ambos desamparam; mas o momento não é de queixas, e sim de luta. Não me dirijo a toda a vossa classe, pois não sou um demagogo. Sou um homem vulgar, e vejo apenas (mal) o que está diante de meus olhos. Estou falando, portanto, com todos aqueles dentre vós que trabalham na construção em frente de minha janela. Um carrega quatro grandes tábuas ao ombro; outro grimpa, com risco de vida, a precária torre do enguiçado elevador; qual bate o martelo, qual despeja nas formas o cimento, qual mira a planta, qual usa a pá, qual serra (o bárbaro) os galhos de uma jovem mangueira, qual ajusta, neste momento, um pedaço de madeira na serra circular. [...] Ouvi-me, pois, insensatos; ouvi-me a mim e não a essa infame e horrenda serra que a vós e a mim tanto azucrina. Vamos para a praia. E se o proprietário vier, se o banqueiro vier, se o governo vier, e perguntar com ferocidade: estais loucos? – nós responderemos: Não, senhores, não estamos loucos; estamos na praia jogando peteca. E eles recuarão, pálidos e contrafeitos.
BRAGA, R. In: Crônicas para jovens. São Paulo: Global Editora, 2014 (adaptado).
Em Manifesto, de Rubem Braga, existe uma crítica social que se baseia, principalmente, na
a) situação de incômodo proporcionada pela obra local.
b) falta de oportunidade de lazer oferecida aos operários.
c) provocação e chamado do autor pela ação dos operários.
d) condição precária de trabalho no setor de construção civil.
e) crítica ao período de governo no qual Getúlio Vargas foi presidente.
Soluções para a tarefa
Respondido por
2
a resposta correta é a alternativa E
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