Lucíola (fragmento) Apenas o médico saiu, ela olhou-me tristemente: -- Era o primeiro! Mas o tato das entranhas maternas, sejam elas virgens ainda, não engana. Nosso filho, Paulo, o teu, porque ele era mais teu do que meu, já não existe. À noite declarou-se a febre; uma febre intensa que a fez delirar. Foi então que conheci quanto eu vivia no seu pensamento: ela não disse no delírio uma só palavra que não se referisse a mim e alguma circunstância de nossa vida mútua, desde o primeiro dia em que nos encontramos. Pela manhã, depois de um sono curto e agitado, achei-a mais tranquila: — Tu me prometes, Paulo, casar com Ana! — Não tratemos disso agora, minha amiga! Quando ficares boa, tudo o que tu quiseres eu farei para a tua felicidade. — Mas essa promessa me daria tanto alívio agora! — Escuta, Maria, esse casamento nos tornaria infelizes a ti, à tua irmã, e a mim, que não poderia amá-la, mesmo por causa dessa semelhança! Tu viverias sempre entre mim e ela! — Pois bem, promete-me que se ela não for tua mulher, lhe servirás de pai. — Juro-te! Beijou-me as mãos: — Ela vai ter tanta necessidade de um pai! Os acessos da febre repetiram-se durante três dias, e sempre mais graves. Uma tarde em que o médico apresentou a Lúcia um remédio: — Para que é isso? perguntou ela com brandura. — Para aliviá-la do seu incômodo. Logo que lançar o aborto, ficará inteiramente boa. — Lançar! ... Expelir meu filho de mim? E o copo que Lúcia sustentava na mão trêmula, impelido com violência, voou pelo aposento e espedaçou-se de encontro à parede. — Iremos juntos! ... Murmurou descaindo inerte sobre as almofadas do leito. Sua mãe lhe servirá de túmulo. De joelhos à cabeceira eu suplicava-lhe que bebesse o remédio que a devia salvar. — Queres acompanhar teu filho, Maria, e abandonar-me só neste mundo. Vive por mim! — Se eu pudesse viver, haveria forças que me separassem de ti? Haveria sacrifício que eu não fizesse para comprar mais alguns dias da minha felicidade? Mas Deus não quis. Sinto que a vida me foge! A instâncias minhas bebeu finalmente o remédio, que nenhum efeito produziu. A febre lavrava com intensidade: eu já não tinha esperanças. — O remédio de que eu preciso é o da religião. Quero confessar-me, Paulo. Lúcia tomou os sacramentos com uma resignação angélica; e abraçando a irmã, disse-lhe: — Perdes uma irmã, Ana; fica-te um pai. Ama-o por ele, por ti e por mim. O dia se passou na cruel agonia que só compreendem aqueles que, ajoelhados à borda de um leito, viram finar-se gradualmente uma vida querida.” Jose de Alencar
1. Releia: “E o copo que Lúcia sustentava na mão trêmula, impelido com violência, voou pelo aposento e espedaçou-se de encontro à parede.” O termo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para a frase, por: * 4 pontos a) empurrado. b) largado. c) jogado. d) destruído.
2. O enredo desse trecho aproxima-se mais do item: * 4 pontos a) Tendo sua ilusão desfeita de que conseguiria casar seu amigo com sua amiga, Lúcia morre de desgosto. b) Não podendo casar com Paulo, Lúcia tentara casá-lo com sua irmã. c) A heroína, Lúcia, abandona todos na miséria ao morrer com seu filho. d) Paulo não deseja que Lúcia tenha o filho, por isso pede que ela tome o remédio que a fará abortar.
3. São personagens secundárias deste trecho em estudo: * 4 pontos a) Paulo e Ana. b) Paulo e o médico. c) Ana e o médico. d) Paulo e Lúcia.
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Resposta:
1- c) jogado.
2- b) Não podendo casar com Paulo, Lúcia tentara casá-lo com sua irmã.
3- c) Ana e o médico.
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Resposta: 2
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