Português, perguntado por marilianeczaikoski, 10 meses atrás

logo no início o texto faz referencia a outro conto nos matamos o cão tinhoso do escritor moçambicano luis Bernardo honwana

Soluções para a tarefa

Respondido por kacauchan
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Olá!!

A sua pergunta está um pouco confusa, por isso irei falar sobre o assunto de uma maneira geral.

Bom, a texto intitulada Nós Matamos o Cão-Tinhoso foi criada pelo escritor moçambicano Luís Bernardo Honwana no ano de 1964 e o mesmo faz parte de uma obra que possui mais outras seis historias.

A principal finalidade de obra é de expor o racismo que imperava na época de Portugal Colonial e também da Europa de uma forma abrangente. Além de que a obra está cheia de temas como segregação social, distinção de classes inclusive dentro da própria educação e a questão da exploração.

Por fim o livro aborda a historia de Ginho um garoto moçambicano que é negro, que encontra um cachorro que está bem doente. O mesmo acaba se ligando emocionalmente ao cachorro, porém não consegue evitar com que outras pessoas matem o pobre cão. Tudo isso foi feito em forma a fazer referencia a situação política da época.


Espero ter ajudado! Bons Estudos!
Respondido por pascalesousa
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Resposta:

As respostas aqui expressas não se pretendem definitivas. É possível desenvolver outras leituras dos fatos mencionados. No entanto, é fundamental analisar se há elementos textuais no conto que fundamentem as interpretações.

1) A problemática que propõe essa questão é um dos pontos centrais do conto, embora o perpasse de modo bastante sutil. Para compreendê-la, é necessário estar atento a pequenos detalhes linguísticos do texto. No início da narrativa, o padre condena a sua turma de catequese afirmando, de acordo com as palavras do narrador, "até os pretos eram melhores do que nós". Ou seja, para o padre, o protagonista era visto como branco. É interessante perceber que os demais personagens a quem o menino recorre sempre referem-se aos negros na terceira pessoa: "Deus fez os pretos". Dessa forma, não assumem a identidade negra. Exceção a esses discursos é feita apenas pela mãe, que ao final do conto afirma: "levavam-nos para as casas deles para os pôr a servir como escravos ou pouco mais". O uso da primeira pessoa do plural demonstra que a mãe assume a identidade étnico-racial negra para si e para o filho.

Em um país multirracial como Moçambique, que foi marcado pelos contextos históricos da colonização e da escravidão, é comum a oscilação identitária entre os sujeitos, que, muitas vezes, têm diferentes descendências. Nesse contexto, assumir uma identidade étnico-racial é um fato associado a assumir determinada posição social. Historicamente, foi somente a partir do momento em que os sujeitos africanos assumiram a negritude como identidade que foi possível a luta contra o colonialismo.

2) Os personagens de diferentes posições sociais, algumas delas legitimadoras de discursos (casos do professor e do padre, por exemplo), criam diferentes mitos de origem para explicar as mãos dos pretos ao protagonista. Todos esses discursos acabaram por naturalizar o preconceito racial. Na contramão deles está o discurso da mãe. Este mostra o preconceito racial como produto da história humana, não uma criação divina. A criação divina, por sua vez, está na igualdade das mãos como tentativa de ensinar aos homens a igualdade racial. Por isso, o fato de a mãe beijar as mãos do filho pode ser lido como um gesto de carinho à igualdade entre os sujeitos.

3) Não há índices temporais que definam exatamente quem é o autor do choro. Dessa forma, pode-se pensar de duas formas:

- O choro é da mãe. Motivo do choro: a percepção da realidade social racista em que cresce seu filho. Interpretando-se dessa forma, o beijo nas mãos pode ser entendido, inclusive, como gesto desesperado de ressaltar o que o filho tem de igual perante os brancos, não merecendo assim - como todos os sujeitos negros - a violência a que é submetido.

- O choro é do filho. Motivo do choro: a percepção da realidade social racista que o cerca e a percepção de si enquanto sujeito negro. Interpretando-se dessa forma, trata-se de uma narrativa de aprendizagem. A partir da investigação, o menino passa da ingenuidade à percepção de si e dos outros em um contexto violento e desigual.

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