Português, perguntado por helosdn37, 11 meses atrás

livros legais para ler nas férias

Soluções para a tarefa

Respondido por analuzi1403
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O Senhor dos Ladrões conta a história de um grupo de crianças órfãs que mora num cinema abandonado na cidade de Veneza. Seu protetor é Scipio, o auto-intitulado Senhor dos Ladrões, um garoto que rouba casas luxuosas de Veneza para sustentar as crianças de rua. Scipio é contratado para um trabalho especial: surrupiar uma asa de madeira da casa da fotógrafa Ida Spavento. O objeto tem propriedades mágicas, e logo todos estarão envolvidos numa aventura onde crianças viram adultos e vice-versa.

Sempre fico meio embasbacada durante a leitura de um livro da escritora alemã Cornelia Funke. A autora, mais conhecida pela trilogia Mundo de Tinta – que ganhou uma versão cinematográfica -, já publicou dezenas de livros infantojuvenis e ganhou o mesmo tanto de prêmios. Particularmente, adoro (a.k.a amo, sou louca, alucinada) a série Mirrorworld, mas, a bem da verdade, sou é fã de carteirinha da Funke. A mulher samba de salto agulha nas coleguinhas da profissão.

Em O Senhor dos Ladrões (Cia. das Letras), Cornelia Funke consegue mais uma vez. Conta – não apenas narra – uma história cheia de aventura, humor, e fantasia, com questões pertinentes embutidas. Prato cheio tanto para a garotada como para o deleite dos adultos.

O fato é que Cornelia não apenas cria ótimas histórias, como sabe desenvolvê-las. É o casamento perfeito entre sensibilidade criativa e desenvoltura para passar para o papel o que imaginou. Sua narrativa é bem elaborada e cercada de detalhes que fazem toda a diferença. Nesse livro, por exemplo, Veneza é uma personagem de tão vivo é o modo como é retratada. Suas ruas e vielas respiram e contam também uma história própria.

As personagens são muito bem caracterizadas, com destaque para o grupo infantil. Mesmo depois de ler tantos livros da autora ainda fico surpresa em como ela consegue traduzir os jovens e se comunicar com eles. Scipio é uma personagem tão rica e com um dilema e história de background sérios. O mesmo pode-se dizer dos irmãos Prop e Bo, e de todos os outros. Cada um tem o seu obstáculo que a vida colocou para encarar.

Por outro lado, o núcleo adulto tem um quê infantil com suas trapalhadas. Acredito que tenha sido uma exploração proposital das personagens, uma vez que a história trata da questão de “querer ser adulto” x “querer ser criança”. E essa é a diferença de um livro bem elaborado para um feito de qualquer maneira. É tudo uma questão de detalhes que não parecem importante a uma primeira vista, mas que, depois de analisados, completam o todo.

A parte gráfico ficou ótima. A ilustração da capa é da própria autora e, internamente, há ainda um mapa de Veneza e um glossário com algumas expressões em italiano que vemos ao longo do livro.

O único senão ficou por conta do desfecho. É o segundo livro de Funke no qual percebo uma finalização anticlímax (o outro foi O Cavaleiro Fantasma). Ela perde o timing de dizer adeus à história e acaba passando do ponto. O resultado são algumas páginas em que você percebe que só estão ali para fechar a história redondinha (até demais). Nada contra histórias que completam o ciclo, mas acredito que, às vezes, para a narrativa ficar ágil, você pode deixar o leitor responder à algumas questões simples que ficaram no ar.

O Senhor dos Ladrões, por fim, é um ótimo livro e cumpre tudo aquilo que promete. É divertido, entretém e, de quebra, ainda faz você se questionar por que quando era criança queria tanto se tornar adulto logo; e hoje, já adulto, algumas vezes tem vontade de voltar a ser criança.

Os adultos não se lembram mais de como era ser criança.

Mesmo quando dizem que sim…

Eles não se lembram. Acredite.

Esqueceram tudo.

(…)

Às vezes, os adultos falam sobre como era boa a sua infância.

Eles até sonham em voltar a ser criança.

Mas com o que eles sonhavam quando eram crianças?

Você sabe?

Acho que eles sonhavam com o momento em que finalmente seriam adultos.

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