Lembrança de morrer
[...]
Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre sineiro
[...]
AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas de Álvares de Azevedo. 7. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995. p. 37.
Glossario:
poento: com cheio de poeira.
sineiro: aquele que toca o sino.
Esse fragmento mostra uma atitude escapista típica do Romantismo. O eu lírico idealiza
A
a vida como um ofício de prazer, destinado à fruição eterna.
B
a morte como um meio de libertação do terrível fardo de viver.
C
o tédio como a repetição dos fragmentos belos e significativos da vida.
D
o deserto como um destino sereno para quem vence as hostilidades da vida.
Soluções para a tarefa
Resposta:
Letra B.
Explicação:
Resposta:
B - a morte como um meio de libertação do terrível fardo de viver.
Explicação:
Por que esta resposta é a correta?
A questão exige a análise do fragmento de um poema de Álvares de Azevedo, autor considerado um dos mais importantes poetas da segunda geração do movimento romântico brasileiro. É indispensável que, para a resolução da questão, sejam consideradas as características típicas dessa fase da literatura nacional. A saudade, o amor irrealizável e o tédio constante diante de uma vida angustiante são temas típicos dessa fase literária, marcada por um caráter mórbido. A partir de tais definições, nota-se que as alternativas não podem ser consideradas corretas, uma vez que realizam uma análise positiva diante do poema, como em que fala da ideia de um eterno prazer. Embora uma alternativa fale acerca do tédio, ele é apontado como algo belo e significativo, ideia contraditória às características da literatura do período. Apenas a alternativa que faz referência correta ao caráter obscuro e mórbido dos versos românticos, em que a morte (um momento de dor) é vista como positiva, pois é uma maneira, se não a única, de libertação do poeta das dores e angústias postas pela vida mundana.