Leia os textos que seguem.
Texto 1
Entre os anos de 1964 e 1985, o Brasil viveu seu período ditatorial. A maior censura e repressão aos que eram contra o regime militar aconteceu nos “Anos de Chumbo” (1969 – 1974). Nessa época, o país estava sob o comando de EmÍlio Garrastazu Médici.
A música era uma das principais formas de protesto, já que o país utilizava o rádio como disseminador do pensamento público. E, para driblar a censura, fazia-se necessário a articulação da linguagem musical, valendo-se de metáforas dentre outros recursos linguísticos para transmitir sua mensagem de protesto.
ANDRÉ, C.; TEIXEIRA, N. C. R. B. Uma análise das condições de produção musical da época da ditadura. In: IX Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Guarapuava – 29 a 31 de maio de 2008. Disponível em: Acesso em: 18 mar. 2019.
Texto 2
Clube da Esquina ll - Milton Nascimento e Lô Borges
Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço
Aço, aço, aço, aço, aço, aço
Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos
Calmos, calmos, calmos
E lá se vai
Mais um dia
E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva
De um rio, rio, rio, rio, rio
E lá se vai
Mais um dia
E lá se vai
Mais um dia
E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio-fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente
Gente, gente, gente, gente, gente
E lá se vai
Vai
Vai
Vai
Disponível em: Acesso em: 18 mar. 2019.
Partindo do fato de que a canção de Milton Nascimento e Lô Borges traz, entre seus possíveis significados, uma crítica à ditadura militar, analise as afirmações a seguir.
I. A repetição da palavra “aço” na primeira estrofe pode ser interpretada como alusão à repressão armada do governo então instaurado contra seus opositores, assim, os versos “Ao primeiro passo, aço, aço/Aço, aço, aço, aço, aço, aço” podem representar disparos feitos assim que o “moço” começou a movimentar-se, a agir.
II. A repetição da palavra “calmos” na segunda estrofe visa contribuir para que quem lê/ouve a música “sinta” o efeito causado pelo gás lacrimogêneo nas pessoas, assim, os homens não estão literalmente calmos, tranquilos, mas sim estão sendo contidos com o uso dessa substância.
III. Os versos “E o rio de asfalto e gente/Entorna pelas ladeiras/Entope o meio-fio/Esquina mais de um milhão” podem ser interpretados como representação das manifestações populares ocorridas contra a ditadura militar.
IV. Visando driblar a censura, o compositor buscou construir sua crítica utilizando-se da linguagem conotativa, isto é, abordando o assunto de modo literal, para que assim os censores não identificassem a mensagem política de sua composição.
É correto o que se afirma em:
Alternativa 1:
I e II, apenas.
Alternativa 2:
I, II e III, apenas.
Alternativa 3:
I, III e IV apenas.
Alternativa 4:
II, III e IV, apenas.
Alternativa 5:
III e IV, apenas.
Soluções para a tarefa
Alternativa 2:
I, II e III, apenas.
Explicação:
I. Verdadeiro - A repetição nos versos "Ao primeiro passo, aço, aço/Aço, aço, aço, aço, aço, aço" sugere justamente a repressão à bala (que é feita de aço) feita pelos militares, durante a Ditadura, aos jovens que se rebelavam.
II. Verdadeiro - A repetição nos versos "Ficam calmos, calmos / Calmos, calmos, calmos" sugere o efeito do gás lacrimogêneo nas pessoas, que vão sendo contidas pouco a pouco.
III. Verdadeiro - Os versos "E o rio de asfalto e gente/Entorna pelas ladeiras/Entope o meio-fio/Esquina mais de um milhão" trazem uma imagem de multidão tomando as ruas, representando as manifestações contra a ditadura militar.
IV. Falso - De fato, o compositor buscou construir sua crítica utilizando-se da linguagem conotativa, mas isto significa que ele abordou o sentido figurado das palavras e expressões, ou seja, não literal.