Leia os textos abaixo. Texto 1
"E agora, José?"
Há versos célebres que se transmitem através das idades do homem [. ]. Este, que veio ao mundo muito depois de mim, pelas mãos de Carlos Drummond de Andrade, acompanha-me desde que nasci, por um desses misteriosos acasos que fazem do que viveu já, do que vive e do que ainda não vive, um mesmo nó apertado e vertiginoso de tempo sem medida. Considero privilégio meu dispor deste verso, porque me chamo José e muitas vezes na vida me tenho interrogado: "E agora?" [. ] Grande, porém, é o poder da poesia para que aconteça, como juro que acontece, que esta pergunta simples aja como um tónico, um golpe de espora, e não seja, como poderia ser [. ] o começo da interminável ladainha que é a piedade por nós próprios. [. ]
Mas outros Josés andam pelo mundo, não o esqueçamos nunca. A eles também sucedem casos, desencontros [. ] de que saem às vezes vencedores, às vezes vencidos. [. ] A esses, que chegaram ao limite das forças, acuados a um canto pela matilha, sem coragem para o último [. ] arranco, é que a pergunta de Carlos Drummond de Andrade deve ser feita, como um derradeiro apelo ao orgulho de ser homem: "E agora, José?" [. ]
Escrevo estas palavras num fim de tarde cor de madrugada com espumas no céu, tendo diante dos olhos uma nesga do Tejo, onde há barcos vagarosos que vão de margem a margem levando pessoas e recados. E tudo isto parece pacífico e harmonioso como os dois pombos que pousam na varanda e sussurram confidencialmente. Ah, esta vida preciosa que vai fugindo, tarde mansa que não será igual amanhã, que não serás, sobretudo, o que agora és. [. ]
Cheguei ao fim da crônica, fiz o meu dever. "E agora, José?"
Texto 2
O retirante explica ao leitor quem é e a que vai
– O meu nome é Severino,
não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, [. ]
deram então de me chamar
Severino de Maria; [. ]
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba. Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos [. ]
Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia. Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida. [. ]
Esses textos são semelhantes, pois
abordam a vida de pessoas que vivem na mesma serra magra e ossuda. Citam alguns nomes que são comuns em uma determinada região do país. Defendem o poder da poesia de agir como um tônico para animar alguém. Descrevem um cenário harmonioso em que pombos pousam na varanda. Mostram a existência de pessoas que compartilham o mesmo nome.
Soluções para a tarefa
A semelhança entre os textos pode ser observada pois: Mostram a existência de pessoas que compartilham o mesmo nome.
Compreendendo os textos
Os textos apesar se mostrarem diferentes quando a sua estrutura, é possível notar que estes se assemelham quanto a temática abordada.
No texto I, pode-se observar como característica o gênero literário, que aborda as reflexões do eu-lírico que se relacionam com suas ações no mundo, sendo ele um homem de nome José. Um nome que já foi de muitos homens, que carrega com ele as múltiplas possibilidades.
Enquanto que no texto II, é possível notar sua estruturação feita em versos, sendo este um poema. Neste texto também é possível observar a existência de uma pessoa com nome semelhante aos demais que tenta encontrar em meio ao parentesco uma forma de se diferenciar.
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