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Pelas crianças A muçulmana Malala Yousafzai, do Vale do Swat, no norte do Paquistão, tornouse, na semana passada, aos 17 anos, a mais jovem ganhadora do Prêmio Nobel da Paz. Ela dividiu a honraria com o hindu Kailash Satyarthi, de 60 anos, que liderou missões para resgatar 80000 crianças que trabalhavam em condições análogas à escravidão na Índia. A escolha de dois militantes dos direitos das crianças em um ano marcado por guerras civis com centenas de milhares de vítimas tem o seu sentido. “Em áreas devastadas por conflitos, o abuso contra crianças leva à continuação da violência de geração em geração”, disse o norueguês Thorbjorn Jagland, chefe do comitê do prêmio, ao justificar a escolha, em Oslo. Oriundos de países inimigos e pertencentes a dois grupos religiosos que em diversas ocasiões promoveram massacres um contra o outro, Malala e Satyarthi têm mais em comum do que apenas a defesa da infância. De uma maneira mais ampla, ambos lutam contra o obscurantismo. No caso de Malala, o enfrentamento é contra a interpretação fundamentalista do Islã, que se opõe ao livre saber e nega às mulheres os mesmos direitos dos homens. Em janeiro de 2009, o Talibã proibiu as meninas paquistanesas do Vale do Swat de frequentar escolas. Para a milícia, as mulheres devem se casar aos 14 anos e viver à sombra do marido. Em três anos, o regime conseguiu reduzir o número de estudantes mulheres em dois terços. Foi dentro desse ambiente que Malala começou a escrever um blog na internet, em que contava sobre os obstáculos para estudar e seguir seu sonho de ser médica. A ousadia lhe custou diversas ameaças de morte. Em 2012, o ônibus escolar em que estava foi parado por membros do Talibã, que subiram a bordo e perguntaram: - "Quem é Malala?”. Ninguém respondeu, mas um dos terroristas a reconheceu e disparou três tiros contra a cabeça da menina, então com 15 anos. Malala foi levada para a inglaterra, onde se submeteu a tratamento, e hoje mora em Birgmingham. Ela recebeu inúmeros prêmios internacionais e costuma dizer que se devem enviar livros em vez de fuzis e bombas aos países em conflito: "Nossos livros e canetas são as armas mais poderosas". A educação, evidentemente, não é uma solução a curto prazo para as guerras, mas o mérito de Malala é servir de inspiração para crianças e jovens que sofrem das mesmas dificuldades que ela enfrentou. Malala, porém, é encarada com desconfiança em seu próprio país. Muitos paquistaneses veem a presença da menina em fóruns internacionais como um indício de que ela está a serviço do governo americano. Já o trabalho de Kailash Satyarthi é libertar crianças da escravidão e reintegrá-las à sociedade. Na Índia, por razões sociais e históricas, famílias inteiras são obrigadas a trabalhar até dezesseis horas por dia, às vezes acorrentadas. Entre os mais vulneráveis estão os integrantes da casa dos dalits, os “intocavéis”. Engenheiro elétrico, ele organizou em 1988 uma marcha por 103 países que culminou com a assinatura de uma convenção internacional contra o trabalho forçado infantil. "Tirar uma criança da escravidão é interromper um ciclo vicioso. O menor subjulgado pode se tornar um adulto explorador no futuro", diz o paulista Leonardo Sakamoto, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para formas Contemporâneas de Escravidão.
VEJA. São Paulo: Abril, out. 2014, ed. 2395, p. 87.
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Malala levou tiros de um membro do Talibã
Dentro de um ônibus
Em 2012
Membros do Talibã entram no ônibus em busca de Malala, após questionarem os passageiros sobre quem era e ninguém responder, um deles a reconheceu e então atirou.
por conta do pensamento que mulheres deveriam se casar e viver sobre a sobra dos maridos, por isso não deveriam estudar.
Vencedora do Prêmio Nobel da Paz, a jovem, atualmente com 19 anos, se tornou ativista pelos direitos das meninas depois de sobreviver a um atentado de talibãs no Paquistão. ... Desde então Malala continuou a fazer campanha em nível mundial, e em 2014 se transformou na pessoa mais jovem contemplada com o Nobel da Paz.
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