Português, perguntado por deazinhaba, 7 meses atrás

Leia o texto Os anônimos, de Luis
Fernando Veríssimo, e responda à questão.

Os anônimos


Todos as histórias são iguais, o que varia é a maneira de ouvi-las. No grupo
comentava-se a semelhança entre os mitos e os contos de fada. Na história de
Branca de Neve, por exemplo, a rainha má consulta o seu espelho e pergunta se
existe no reino uma beleza maior do que a sua. Os espelhos de castelo, nos
contos de fada, são um pouco como certa imprensa brasileira, muitas vezes
dividida entre as necessidades de bajular o poder e de refletir a realidade. O
espelho tentou mudar de assunto, elogiou o penteado da rainha, o seu vestido, a
sua política econômica, mas finalmente respondeu: “Existe”. Uma menina de pele
tão branca, de cabelo tão loiro e de rosto tão lindo que era espantoso que
ainda não tivesse sido procurada pela agência Ford, apesar dos seus 12 anos
incompletos. Seu nome: Branca de Neve.

A rainha má mandou chamar um lenhador e instruiu-o a levar Branca de Neve para a
floresta, matá-la, desfazer-se do corpo e voltar para ganhar sua recompensa.
Mas o lenhador poupou Branca de Neve. Toda a história depende da compaixão de
um lenhador sobre o qual não se sabe nada. Seu nome e sua biografia não constam
em nenhuma versão do conto. A rainha má é a rainha má, claramente um arquétipo
freudiano, a mãe Electra mobilizada para eliminar a filha rival eu seduzirá o
pai, e os arquétipos não precisam de nome. O Príncipe Encantado que aparecerá
no fim da história também não precisa. É um símbolo reincidente, talvez nem a
Branca de Neve se dê ao trabalho de descobrir seu nome e, na velhice, apenas o
chame de “Pri”, ou, ironicamente, “Seu Encantado”. Dos sete anões se sabe tudo:
nome, personalidade, hábitos, fobias, CIC, tudo. Mas o personagem principal da
história, sem o qual a história não existiria e os outros personagens não se
tornariam famosos, não é símbolo de nada. Salvo, talvez, da importância do
fortuito em qualquer história, mesmo as mais preordenadas. Ele só entra na
trama para fazer uma escolha, mas toda a narrativa fica em suspenso até que ele
faça a escolha certa, pois se fizer a errada não tem história. O lenhador
compadecido representa os dois segundo de livre-arbítrio que podem desregular o
mundo dos deuses e heróis. Por isso é desprezado como qualquer intruso e nem
aparece nos créditos.

Laio ouve do seu oráculo que seu filho recém-nascido um dia o matará, e manda chamar
um pastor. È o lenhador, numa caracterização anterior. O pastor é incumbido de
levar o pequeno Édipo para as montanhas e eliminá-lo. Mais uma vez um universo
inteiro fica parado enquanto um coadjuvante decide o que fazer. Se o pastor matar
Édipo, não existirão o mito, o complexo e provavelmente a civilização como nós
a conhecemos. Mas o pastor poupa Édipo, que matará Laio por acaso e casará com
Jocasta, sua viúva, sem saber que é sua mãe, tornando-se pai do filho dela e
seu próprio enteado e dando início a cinco mil anos de culpa. O pastor podia se
chamar Ademir. Nunca ficamos sabendo.

Todos no grupo concordaram que as histórias reincidentes mostram como são os
figurantes anônimos que fazem a história, ou como, no fim, é a boa consciência
que move o mundo. Mas uma discordou, e disse que tudo aquilo só provava o que
ela sempre dizia: que o maior problema da humanidade, em todos os tempos, era a
dificuldade em conseguir empregados de confiança, que fizessem o que lhes era
pedido.


O texto de Veríssimo faz alusão aos contos de fadas e mitos. Segundo o autor, esses gêneros textuais apresentam elementos comuns. Aponte, após a leitura atenta do texto, que pontos similares são esses e de que forma eles influenciam no andamento dessas narrativas.

Soluções para a tarefa

Respondido por jorgyluiz30
2

Resposta:

Fiquei meio confuso sobre essa pergunta

Explicação:

tipo n ta batendo a resposta


deazinhaba: po mais pra q comentar .-.
deazinhaba: so pra ganhar os ponto ,-,
Respondido por bernardobusantos
1

Resposta:

Fernando Veríssimo, e responda à questão.

Os anônimos

Todos as histórias são iguais, o que varia é a maneira de ouvi-las. No grupo

comentava-se a semelhança entre os mitos e os contos de fada. Na história de

Branca de Neve, por exemplo, a rainha má consulta o seu espelho e pergunta se

existe no reino uma beleza maior do que a sua. Os espelhos de castelo, nos

contos de fada, são um pouco como certa imprensa brasileira, muitas vezes

dividida entre as necessidades de bajular o poder e de refletir a realidade. O

espelho tentou mudar de assunto, elogiou o penteado da rainha, o seu vestido, a

sua política econômica, mas finalmente respondeu: “Existe”. Uma menina de pele

tão branca, de cabelo tão loiro e de rosto tão lindo que era espantoso que

ainda não tivesse sido procurada pela agência Ford, apesar dos seus 12 anos

incompletos. Seu nome: Branca de Neve.

A rainha má mandou chamar um lenhador e instruiu-o a levar Branca de Neve para a

floresta, matá-la, desfazer-se do corpo e voltar para ganhar sua recompensa.

Mas o lenhador poupou Branca de Neve. Toda a história depende da compaixão de

um lenhador sobre o qual não se sabe nada. Seu nome e sua biografia não constam

em nenhuma versão do conto. A rainha má é a rainha má, claramente um arquétipo

freudiano, a mãe Electra mobilizada para eliminar a filha rival eu seduzirá o

pai, e os arquétipos não precisam de nome. O Príncipe Encantado que aparecerá

no fim da história também não precisa. É um símbolo reincidente, talvez nem a

Branca de Neve se dê ao trabalho de descobrir seu nome e, na velhice, apenas o

chame de “Pri”, ou, ironicamente, “Seu Encantado”. Dos sete anões se sabe tudo:

nome, personalidade, hábitos, fobias, CIC, tudo. Mas o personagem principal da

história, sem o qual a história não existiria e os outros personagens não se

tornariam famosos, não é símbolo de nada. Salvo, talvez, da importância do

fortuito em qualquer história, mesmo as mais preordenadas. Ele só entra na

trama para fazer uma escolha, mas toda a narrativa fica em suspenso até que ele

faça a escolha certa, pois se fizer a errada não tem história. O lenhador

compadecido representa os dois segundo de livre-arbítrio que podem desregular o

mundo dos deuses e heróis. Por isso é desprezado como qualquer intruso e nem

aparece nos créditos.

Laio ouve do seu oráculo que seu filho recém-nascido um dia o matará, e manda chamar

um pastor. È o lenhador, numa caracterização anterior. O pastor é incumbido de

levar o pequeno Édipo para as montanhas e eliminá-lo. Mais uma vez um universo

inteiro fica parado enquanto um coadjuvante decide o que fazer. Se o pastor matar

Édipo, não existirão o mito, o complexo e provavelmente a civilização como nós

a conhecemos. Mas o pastor poupa Édipo, que matará Laio por acaso e casará com

Jocasta, sua viúva, sem saber que é sua mãe, tornando-se pai do filho dela e

seu próprio enteado e dando início a cinco mil anos de culpa. O pastor podia se

chamar Ademir. Nunca ficamos sabendo.

Todos no grupo concordaram que as histórias reincidentes mostram como são os

figurantes anônimos que fazem a história, ou como, no fim, é a boa consciência

que move o mundo. Mas uma discordou, e disse que tudo aquilo só provava o que

ela sempre dizia: que o maior problema da humanidade, em todos os tempos, era a

dificuldade em conseguir empregados de confiança, que fizessem o que lhes era

pedido.

O texto de Veríssimo faz alusão aos contos de fadas e mitos. Segundo o autor, esses gêneros textuais apresentam elementos comuns. Aponte, após a leitura atenta do texto, que pontos similares são esses e de que forma eles influenciam no andamento dessas narrativas.

Explicação:

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