Leia o texto abaixo para responder às questões de 01 a 06.
O MUNDO SEM FIM
Teria eu uns doze anos quando um dia me assaltou a mente, com particular relevo, a ideia de que o mundo já existira sem mim. Essa ideia é aparentemente trivial, pois nenhum de nós, em são juízo, pretende ter sido companheiro de armas de Carlos Magno, ou tripulante da caravela de Cristóvão Colombo. O mundo, evidentemente, era mais antigo do que o menino que suspendia o brinquedo para olhar em volta de si com estranheza; ali estavam as pessoas mais velhas, as grossas árvores, as casas, as montanhas, tudo a me falar de uma história anterior e de um cenário anterior. Mas o caso é que eu, de repente, achava muito esquisita essa ideia tão simples.
As pessoas mais velhas tinham um privilégio perturbador: bastava-lhes querer, para que dentro delas se armasse um mundo em que eu não era, nem havia necessidade que fosse. Pedia então à mamãe:
- Conta uma história de antigamente.
Ela contava. A gente grande virava criança, os mortos saíam das sepulturas, e as crianças como eu, nesse recuo, mergulhavam na morte branca do não-ser. E de todas as transmutações era essa a que me parecia mais incompreensível. Na história que minha mãe contava, os personagens não davam por falta de mim; ninguém esperava por mim. Os mortos mais mortos, que não chegavam a emergir na data do episódio eram, todavia, lembrados, e lá estavam presentes pelos ecos e vestígios. Havia o Barão, a tia Elvira, que fora ao baile da Ilha Fiscal, o Juvêncio, negro legendário pelos exemplos de fidelidade e dedicação. O nome deles, a saudade deles entrava na história. A marca deles. Eu não. Naquela cena vagamente amarela, que eu via desenhar-se atrás da testa de minha mãe, revivia um mundo em que eu não era; nem havia necessidade que fosse. Lições de abismo.
Gustavo Corção
Rio de Janeiro: Agir, 1989, p. 69-71.
Releia os trechos e responda:
I – “gente grande virava criança...”
II – “e as crianças como eu, nesse recuo, mergulhavam na morte branca do não-ser.”
Sobre as palavras em destaque, podemos afirmar que:
A) nos dois trechos, as palavras em destaque são classificadas como adjetivos.
B) nos dois trechos, as palavras em destaque são classificadas como substantivos.
C) em I, “criança” é classificada como adjetivo, visto que atribui um estado ao sujeito “gente grande”. Já em II, “crianças” é classificada como substantivo.
D) Em II, “crianças” é classificada como advérbio, pois expressa valor semântico de tempo. Já em I, “criança" é classificada como adjetivo biforme.
Soluções para a tarefa
Respondido por
3
Resposta:
C
Explicação:
confia no pai
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