Leia o texto abaixo, escrito pelo historiador das religiões Mircea Eliade, e responda às questões que o acompanham.
[...] foram a religião, e, sobretudo, o dogma da divindade do faraó, que contribuíram, desde o início, para modelar a estrutura da civilização egípcia. [...]
A fundação do Estado unificado equivalia a uma cosmogonia. O faraó, deus-encarnado, instaurou um mundo novo, uma civilização infinitamente mais complexa e superior à das aldeias neolíticas. O essencial era assegurar o modelo divino; em outras palavras, evitar as crises suscetíveis de abalar os alicerces do novo mundo. A divindade do faraó constituía a melhor garantia. Uma vez que o faraó era imortal, a sua morte significava somente sua transladação ao Céu. A continuidade de um deus-encarnado para um outro deus-encarnado e, consequentemente, a continuidade da ordem cósmica e social, estava assegurada.
[...] O faraó é a encarnação da ma’at, termo que se traduz por “verdade”, mas cuja significação geral é ‘a boa ordem‘ e, consequentemente, ‘o direito’, ‘a justiça’. A ma’at pertence à Criação original: ela reflete, portanto, a perfeição da Idade do Ouro. [...]
Enquanto encarnação da ma’at, o faraó constitui o modelo exemplar para todos os seus súditos. [...] A obra do faraó assegura a estabilidade do Cosmo e do Estado e, por conseguinte, a continuidade da vida.
(Adaptado de: ELIADE, Mircea. História das crenças e das ideias religiosas. Rio de Janeiro: Zahar, 1978. p. 109-117. t. 1. v. 1).
dogma: ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina. cosmogonia: princípios que buscam explicar a origem do Universo.
a) De acordo com as crenças religiosas egípcias, qual era o papel principal do faraó?
b) Por que a morte do faraó não abria uma crise política no Egito?
c) Tomando por base seus conhecimentos de História, aponte a principal diferença que havia entre as monarquias teocráticas egípcia e mesopotâmica
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a) Cabia ao Faraó manter a ordem divina, como desde a criação, e a estabilidade do reino, segundo os dogmas de todos os deuses, contra todos os inimigos.
b) Haveria a transmissão da essência do Faraó morto, que passaria para o "céu", incorporada ao corpo do novo Faraó. Seria o translado do rei-deus anterior para o mundo de Osíris e a chegado do novo rei-deus ao trono do Egito.
c) Na egípcia, o povo lidava com um rei que era um deus encarnado, contra o qual nada se podia discutir. Já na mesopotâmica, o rei era um mortal que representava pessoalmente um deus, que o constituiu monarca.
b) Haveria a transmissão da essência do Faraó morto, que passaria para o "céu", incorporada ao corpo do novo Faraó. Seria o translado do rei-deus anterior para o mundo de Osíris e a chegado do novo rei-deus ao trono do Egito.
c) Na egípcia, o povo lidava com um rei que era um deus encarnado, contra o qual nada se podia discutir. Já na mesopotâmica, o rei era um mortal que representava pessoalmente um deus, que o constituiu monarca.
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