Leia o texto a seguir sobre o modelo de produção de açúcar implantado no Brasil colonial.
Embora a extração de pau-brasil tenha começado dois anos após o descobrimento, a fixação dos portugueses na Colônia só ocorreu de fato com a cana-de-açúcar. Antes de a produção brasileira ganhar fôlego, o açúcar consumido pelos europeus era tão caro e escasso que chegou a ser um complemento de luxo no dote de princesas. O produto foi introduzido na Europa pelos árabes e era fabricado na Sicília. Os mouros também tentaram a sua produção na Espanha. [...] Em 1516, o rei Manuel I enviou ao Brasil o capitão Pedro Capico, detentor dos conhecimentos necessários ao fabrico do açúcar. Em 1521 já se noticiavam exportações de açúcar brasileiro. Mas a produção regular começou de fato em 1533, no engenho de Martim Afonso de Souza, em São Vicente (SP). Em 1540, Portugal produzia tanto açúcar nas ilhas (principalmente na Ilha da Madeira) que empregava mais de cem navios no seu transporte. Da Madeira chegaram as mudas de cana que [o donatário] Duarte Coelho plantou em Pernambuco, nas proximidades de Olinda. Em 1548 plantava-se cana na Bahia e cresciam os canaviais de São Paulo e do Rio de Janeiro. No fim do século XVI, Pernambuco tinha 66 engenhos; a Bahia, 36; São Paulo 6. Esses 108 engenhos e mais alguns de outras regiões da Colônia forneciam o grosso das exporta ções, que já no início das atividades eram as mais importantes do mundo. Os latifúndios, cada vez maiores, entravam no círculo vicioso da superprodução para serem lucrativos. O trabalho escravo dos negros fazia o sistema funcionar, regando o chão com suor e sangue. Necessitando cada vez mais de terras, [...] o latifúndio incendiou o Nordeste, apelando à coivara [queimada]: o fogo destruiu as matas, queimou a maior parte das madeiras de lei, modificou o clima, o regime das águas (agravando o problema das secas) e exterminou a fauna regional. Enquanto provocava esse impacto ecológico, o latifúndio criou duas classes: 116 a dos escravos, brutalizados como animais, relegados à condição de máquina de trabalho; e a dos senhores, que usufruíam da produção a serviço da metrópole portuguesa. A incipiente "classe média" (pequenos proprietários, artesãos, trabalhadores liberais) demoraria quase dois séculos para crescer. O desenvolvimento dos engenhos e o uso extensivo da terra atenderam à grande demanda mundial. Por volta de 1550, o Brasil já era o maior produtor de açúcar do mundo. A partir daí, a produção de 4,5 mil toneladas obtida no final do século XVI atingiu rapidamente o dobro, chegando a 9 mil toneladas nos primeiros anos do século XVII. As exportações foram tão vultosas que deram à Colônia, naquela época, uma renda per capita que o país não tornaria a alcançar em toda sua história. Dada à exígua população, isso significou uma concentração de riqueza como nunca mais houve nas mãos de uns poucos privilegiados. [...] (CHIAVENATO. Júlio José. O negro no Brasil: da senzala à abolição. São Paulo: Moderna. 1999. p. 11-3. (Polêmica).)
a) Quais transformações ocorreram no mercado internacional do açúcar depois que o Brasil iniciou sua produção nos engenhos de cana?
b) Relacione a produção de açúcar nos engenhos com o processo de concentração de terras e de renda no Brasil colonial.
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a) Antes da implantação do cultivo de cana no Brasil, o açúcar era considerado um item de luxo na Europa. Com clima frio a produção da cana de açúcar se limitava a regiões específicas, e não era capaz de atender a demanda. Com o enriquecimento da Europa pelo ouro e a prata do Novo Mundo, o povo europeu passou a ser grande um consumidor de açúcar.
b) Com a implantação dos engenhos de açúcar no Brasil e o seu recorrente sucesso ele guiou a economia da colônia e da metrópole entre os séculos XVI a XVIII. A produção do açúcar tornou-se tão importante que todas as decisões giravam em torno dos engenhos. As terras foram distribuídas aos senhores do engenhos para que pudessem cada vez mais ampliar a sua produção. As riquezas, assim como as terras, acabaram concentradas nas mãos dos senhores de engenhos.
b) Com a implantação dos engenhos de açúcar no Brasil e o seu recorrente sucesso ele guiou a economia da colônia e da metrópole entre os séculos XVI a XVIII. A produção do açúcar tornou-se tão importante que todas as decisões giravam em torno dos engenhos. As terras foram distribuídas aos senhores do engenhos para que pudessem cada vez mais ampliar a sua produção. As riquezas, assim como as terras, acabaram concentradas nas mãos dos senhores de engenhos.
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