História, perguntado por LuanaCostta9230, 11 meses atrás

Leia o texto a seguir sobre a crise econômica global de 1929, provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque.

[Na década de 1920], à medida que o tempo passava, tornava-se evidente que aquela prosperidade não duraria [nos Estados Unidos]. Dentro dela estavam contidas as sementes de sua própria destruição. E o país caminhava para o mais grave dos problemas. Nisso reside o fascínio peculiar do período para um estudo do problema de lideranças. Pois nesses anos poucos passos foram dados no sentido de conter a tendências que estavam conduzindo ao desastre. [...]
[Uma das principais fraquezas] da economia era a especulação em larga escala em torno de sociedades anônimas. Isso assumiu uma grande variedade de formas, a mais comum das quais sendo a organização de sociedades anô­ nimas proprietárias das ações de outras sociedades anônimas (holdings) que, por sua vez, já eram proprietárias de ações de outras companhias. No caso das ferrovias e das empresas de utilidade pública, o objetivo dessa pirâmide de holdings (companhias financeiro-administrativas que dominam uma série de empresas por meio do controle acionário) era obter o controle do maior número possível de empresas por meio de um mínimo de investimento na holding de cúpula. Ao fim da década, eram bastante habituais estruturas de holdings organizadas em seis ou oito camadas. E algumas delas — as pirâmides da Insull and Associated Gas & Eletric e da ferrovia Van Sweringens — eram espantosamente complexas. É pouco provável que alguém entendesse, ou pudesse entender, perfeitamente esse tipo de organização.
Essa especulação insana era bastante visí­ vel, da mesma forma que seus danos. As pirâ­ mides só se manteriam enquanto os lucros das companhias de base fossem garantidos e os recursos captados fossem realmente investidos em atividades produtivas, ao invés de alimentar mais ainda a especulação. Se alguma coisa acontecesse aos dividendos dessas companhias de base haveria sérios problemas e a pirâmide entraria em colapso. Tal colapso teria efeito negativo não só para o andamento ordenado dos negócios e do investimento das companhias, mas também repercutiría na confiança, investimento e consumo da comunidade em geral. A essa probabilidade acresceria-se o fato de que, em várias cidades — Cleveland, Detroit e Chicago foram exemplos notáveis — . os bancos estavam profundamente comprometidos com essas pirâmides, tendo mesmo caído sob seu controle. [...]
Por fim, o mais evidente dos sintomas: a euforia reinante na Bolsa de Valores. Mês após mês, ano após ano, o grande mercado em alta dos anos 20 regurgitava. Havia algumas baixas, mas o mais frequente eram as fenomenais altas. O verão de 1929 foi o mais frenético da história financeira americana. Ao seu término, os preços das ações haviam quase quadruplicado em comparação com os quatro anos anteriores. As transações na bolsa de Nova Iorque envolviam cerca de 5 milhões ou mais de ações por dia. Poucos, ao que parece, detinham as ações para auferir rendimento pessoal. O que importava era especular para realizar "ganhos” de valorização de capital.
Esse boom era intrinsicamente autodestrutivo. Poderia durar apenas enquanto novas pessoas, ou pelo menos novo dinheiro, entrassem no mercado à procura de ganhos de capital. Novas demandas faziam as ações aumentar de valor, criando os ganhos de capital. Assim que o suprimento de novos clientes começasse a murchar, o mercado entraria em baixa. Nessas circunstâncias, alguns, talvez mesmo uma boa parcela, começariam a transformar suas ações em dinheiro. Uma pessoa interessada em fazer ganhos especulativos de seu capital deve vender suas ações enquanto a cotação é elevada. Mas uma venda maciça pode levar a uma queda do mercado, e, um dia, isso pode transformar-se no sinal para muitas outras vendas. Assim, era certo que um dia o mercado viria abaixo, e muito mais rapidamente do que havia subido. E, de fato, caiu, com um estrondoso crash, em outubro de 1929. Numa sucessão de dias terríveis, dos quais a quinta-feira, 24, e a terça-feira, 29 de outubro, foram os mais aterradores, foram perdidos bilhões em valores, e milhares de especuladores — até então, considerados investidores — ficaram total e irrecuperavelmente arruinados.
(G ALBR AITH . J. K. Dias de boom e d e desastre. In: M ARQ UES. A dhem ar M a rtin s e o u tro s. H is tó ria C o n te m p o râ n e a a tra v é s d e te x to s . 11. ed. S ão Paulo: C o n te xto . 2 0 0 5 . p. 156-9. (Textos e D ocum entos)).

a) Segundo o autor, havia uma “especulação insana” nas bolsas de valores dos EUA. Explique como se desenvolveu esse processo de especulação financeira, até atingir o nível considerado “insano”.

b) De que maneira a euforia reinante na Bolsa de Valores se transformou em um mecanismo de autodestruição?

c) Qual foi o resultado, para a sociedade estadunidense, da euforia dos especuladores durante a década de 1920?

Soluções para a tarefa

Respondido por negrusmagister
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a) O texto baseia essa explicação sobre a especulação financeira da época no modelo de associação das sociedades anônimastambém chamadas de companhias ou de sociedades por ações.

Nessa modalidade, uma empresa com fins lucrativos tem seu capital dividido em ações e a responsabilidade de seus sócios (acionistas) limitada ao preço da emissão das ações subscritas (lançadas para aumento de capital) ou adquiridas. Os sócios são chamados de acionistas e têm responsabilidade limitada ao preço das ações adquiridas.

Ocorreu que, apenas com fim especulativo, ou seja, apenas para aumentar o capital dessas empresas, sem a produção ou aquisição de bens físicos com esse valor, criaram-se as holdings, uma modalidade de organização
 de sociedades anô­nimas proprietárias das ações de outras sociedades anônimas que, por sua vez, já eram proprietárias de ações de outras companhias.

O capital gerado com essas aquisições de ações valorizava-se, sem que se produzisse bem algum que servisse de lastro para uma venda de emergência. Por exemplo, um carro vendido por um mil, pode ser revendido por um mil, descontando-se a depreciação. O veículo é o lastro do valor. Mas no caso de um lote de ações na bolsa de valores, muito provavelmente, não há bens físicos no exato valor desses papéis, porque se valorizaram com a influência, no mercado, das companhias donas desses papéis. Logo, numa venda de emergência dessas ações, perde-se muito dinheiro.

O autor aponta que, assim como numa pirâmide negocial financeira, a holding no topo, uma vez que pouco investia nos empreendimentos, não podia cobrir os valores das ações no caso de uma venda em massa de suas ações, a menos que na base da pirâmide continuasse a entrar "dinheiro novo", com mais investidores.

E, em outubro de 1929, o mercado não suportou a venda em massa das ações das grandes holdings, o que levou à ruína esses grandes investidores.

O autor afirma que era "insana" essa especulação, porque era visível até os meados de 1929, para todos os especialistas, era exagerado o ganho de capital artificial que produziram.

b) A euforia devia-se à valorização desenfreada dos valores das ações das grandes holdings na Bolsa de Valores nos anos de 1920.

c) Até o crash 1929, a sociedade americana viveu um boom de prosperidade das grandes holdings, de muita especulação e de preços cada vez mais caros. A sociedade viveu um período de sonho nos anos 1920 e de grande perda financeira a partir de outubro de 1929
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