Leia o texto a seguir.
Acordar
Acordar da cidade de Lisboa, mais tarde do que as outras,
Acordar da Rua do Ouro,
Acordar do Rocio, às portas dos cafés,
Acordar
E no meio de tudo a gare, que nunca dorme,
Como um coração que tem que pulsar através da vigília e do sono.
Toda a manhã que raia, raia sempre no mesmo lugar,
Não há manhãs sobre cidades, ou manhãs sobre o campo.
À hora em que o dia raia, em que a luz estremece a erguer-se
Todos os lugares são o mesmo lugar, todas as terras são a mesma,
E é eterna e de todos os lugares a frescura que sobe por tudo.
(Gare = estação de estrada de ferro)
1- Com base na leitura do poema, identificamos que, para o eu lírico,
a) As estradas de ferro não sentem os frescores das manhãs, poisbelas nunca dormem.
b) As manhãs são as mesmas em todos os lugares, independentemente se eles forem diferentes.
c) Os raios das manhãs são sentidos de formas diferentes entre os campos e as cidades de Portugal.
d) Os lugares descritos no poema são sempre os mesmos, não havendo uma hora determinada para isso.
2- Um dos trechos do poema que contém a figura de linguagem conhecida por anáfora está situado entre
a) O primeiro e o quarto verso, enfatizando a ação de acordar.
b) O quinto e o sexto verso, atribuindo ações humanas ao coração.
c) O sétimo e o oitavo verso, ocasionando oposição entre "toda" e "não há".
d) O nono e o décimo verso, causando a unificação dos lugares.
Soluções para a tarefa
1. Para o eu lírico desse poema:
b) As manhãs são as mesmas em todos os lugares, independentemente se eles forem diferentes.
2. A figura de linguagem anáfora ocorre entre:
a) O primeiro e o quarto verso, enfatizando a ação de acordar.
Explicação:
1. No poema de Fernando Pessoa, o eu lírico afirma que todos os lugares são iguais ao raiar do dia, ou seja, ao amanhecer. Isso fica evidente pelos versos:
"À hora em que o dia raia, em que a luz estremece a erguer-se / Todos os lugares são o mesmo lugar, todas as terras são a mesma".
2. Anáfora é um recurso linguístico que consiste na repetição de uma palavra ou expressão no início de cada verso ou frase com a intenção de enfatizar uma ideia.
No caso desse poema, a palavra "acordar" se repete no início dos quatro primeiros versos.